quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Empresa cria “robô contador” que trabalha até 100 mil horas por ano

Uma empresa brasileira especializada em contabilidade acaba de lançar soluções tecnológicas em inteligência artificial voltadas ao setor corporativo. As soluções, desenvolvidas pela curitibana Roit Consultoria e Contabilidade, automatizam as tarefas do setor contábil e de recursos humanos das empresas. Ao todo, foram investidos mais de R$ 2 milhões nos sistemas de inteligência artificial que serão implementados no Brasil e nos Estados Unidos.

A primeira solução trata-se de um software que faz todo o processo de contabilização e gestão de documentos fiscais. O processo funciona da seguinte forma. A empresa encaminha os documentos por scanner ou diretamente pelo site da Roit e eles vão para a nuvem criptografados. Depois, um robô extrai os dados, interpreta a natureza do documento, faz a classificação contábil e a validação das regras fiscais.

Nas duas primeiras semanas em que os robôs trabalharam, foram realizadas 1,8 mil operações por hora e mais de oito mil classificações contábeis sem nenhuma interação humana, com um índice próximo a 90% de precisão. A expectativa é que os robôs gerem uma economia de 70 a 100 mil horas trabalhadas ao ano.

A tecnologia facilita o dia a dia e agiliza os processos do setor contábil”, defende o empresário Lucas Ribeiro, sócio-fundador da Roit. “Quando você utiliza um robô, além de ter menos trabalho, o processo é mais rápido e mais assertivo, porque ele tem uma capacidade muito maior de aprender em um curto espaço de tempo do que um ser humano durante a vida toda”, completa.

A Roit também desenvolveu uma tecnologia para ser aplicada na área de recursos humanos das empresas. Trata-se do Roit People, um aplicativo para celular que automatiza o processo de admissão e folha de pagamento. Para o ano que vem, o app vai ganhar novas ferramentas, como ponto com biometria facial, intranet ao estilo rede social e o People Analytics, para análise e cruzamento de dados dos funcionários.

O mercado está muito carente dessas tecnologias. Hoje em dia, não há como viabilizar um crescimento exponencial em médias e grandes corporações sem o uso de tecnologia de ponta”, finaliza o empresário.

Vale do Silício
Esses dois projetos serão levados pela startup brasileira aos Estados Unidos. Em março de 2019, a Roit vai inaugurar uma unidade no Vale do Silício, maior polo tecnológico do mundo, que vem somar aos trabalhos das equipes de Curitiba (PR) e Brasília (DF).

É desafiador estar na Califórnia, mas nossa tecnologia é adaptável aos modelos de negócios das empresas, sejam elas brasileiras ou não”, avalia Ribeiro. Neste sentido, o empresário aposta que o que foi desenvolvido no Brasil será recebido de uma forma muito positiva no mercado norte-americano, especialmente o Roit People.

Nos Estados Unidos já existe solução parecida com esta, mas nenhuma é ofertada de maneira a reunir todas as ferramentas que o app oferece. O que fizemos foi integrar as tecnologias que existem hoje, mas estão soltas.

Já em relação ao software da área contábil o desafio é maior, visto que, nessa área, as empresas norte-americanas estão menos desenvolvidas do que as brasileiras. “O sistema tributários dos EUA é mais simples do que aqui, então as empresas não deram muita atenção a isso”, lamenta o empresário.

De qualquer forma, ele garante que há uma tendência de amadurecimento do mercado e que as corporações vão precisar, cada vez mais, de controle de governança. O foco é em empresas que faturem entre US$ 15 a 20 milhões ao ano.

Na unidade dos EUA, a Roit vai investir R$ 500 mil em 2019 e contratar dez pessoas da área de T.I.

O Roit Bank
Para 2019, a Roit vai lançar mais uma inovação tecnológica para o mercado brasileiro. O Roit Bank, direcionado para as corporações gigantes, que faturam acima de R$ 500 milhões por ano, vai atuar como banco que utiliza inteligência artificial.

A ideia é que a empresa funcione como uma fintech, termo que define as startups do setor financeiro, e tenha por diferencial unir às áreas de contabilidade e fiscal, oferecendo às corporações total rastreabilidade e controle dos pagamentos.

Beatriz Pozzobon


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