Se eu lhe pedisse para listar os países mais desenvolvidos, ou as nações mais arrojadas em tecnologia, eu não sei exatamente quais você listaria, mas… tenho quase certeza que o México não seria um dos países listados pela maioria das pessoas. Para ser franco, eu também não listaria, inclusive por falta de conhecimento sobre ele. Mas é de lá que vem um exemplo incrível de como o contador pode deixar de ser o “mal necessário” da burocracia governamental.
Aliás, se quiser conhecer um pouco, dê uma olhada no YouTube do SAT para ver que legal os vídeos de tutorial.
Pergunto isso, porque hoje em dia estamos vivendo uma tônica de resgatar a relevância da contabilidade enquanto ferramenta para crescimento e prosperidade. A ideia é deixar de ser o tal mal necessário e ser algo a mais, um parceiro para empresas terem sucesso. Contudo, ainda há muita gente que vive o paradigma de que a burocracia gera empregos. Contadores que sobrevivem graças ao fantasma da burocracia, pois quanto mais complicado for para cumprir as obrigações, mais irão precisar desses profissionais.
Não vou entrar no mérito de avaliar esse posicionamento, mas…o que aconteceria se você dependesse disso para manter seu negócio contábil e, de uma hora para outra, os sistemas do governo brasileiro fossem na direção do mexicano? Restaria torcer para o contribuinte não conseguir usar o sistema e, com isso, apelar novamente para um mal necessário. Do contrário, seria questão de tempo para vermos esse dinossauro entrar em extinção. Além disso, ainda que sobrevivendo, o que se pode agregar de valor a esse tipo de serviço contábil? Aliás, ainda que eu esteja chamando de contabilidade, poderíamos muito bem chamar de “office boy de luxo” do Fisco, né.
– Isso é um absurdo, o contador está perdendo mercado!
O despachante, o cumpridor de obrigações do fisco, está sim. Para esses é um absurdo imaginar que um contador não será mais necessário para fazer uma declaração de pessoa física. Uma empresa não precisar mais do contador para declarar seus rendimentos e gerar uma guia de tributos.
Alguns profissionais enxergam como “dinheiro fácil” esse tipo de clientela, esse tipo de mercado. Isso me lembra aquela tal síndrome de Estocolmo, em que o raptado se apaixona pelo raptor.
Agora deixa eu te contar um segredo: você pode ganhar muito mais do que isso aconselhando, orientando e acompanhando processos. Você pode fazer mais dinheiro, agregar mais valor, ser muito mais útil e exercer de fato a ciência que estudou, a tal Contabilidade.
Passar o mês cumprindo desmandes do Fisco não é normal. Não ter tempo de cuidar da sua empresa e de cuidar dos seus clientes porque o Fisco não te dá folga não é normal. Por essas e outras, peço um esforço de imaginação e, quando vir uma burocracia com possibilidade de acabar, não se desespere, não veja um problema… veja a oportunidade de dedicar mais tempo ao que deveria ser nosso core business, mas que infelizmente em muitos casos fica soterrado no trabalho burocrático.
– Mas Caio, é assim que funciona… sempre funcionou assim…
Eu detesto o “sempre foi assim”. Para além do meu asco pessoal a esse tipo de afirmação, o fato é que rentabilidade passada não garante rentabilidade futura. Para crescer, quiçá meramente para sobreviver, é necessário se adaptar, se atualizar. A tecnologia vem avançando a passos largos, muito mais do que aparenta os rudimentares SPEDs e Livros Digitais. Em eventos internacionais de contabilidade, vem se abordando as ferramentas de inteligência artificial, criptografia, entre outros, para levar nossa profissão para uma nova era. Virar as costas para isso é o mesmo que imaginar, há não muito tempo atrás, que daria para fazer contabilidade hoje sem um software contábil, afinal já existiam as fichas de lançamento.
Um tempo atrás, você precisava saber DIPJ, senão não trabalhava na contabilidade. Atualmente, você precisa saber ECF, senão não trabalha na contabilidade. Daqui a alguns anos, pode ter certeza que SPED será obsoleto, será um dinossauro em nossa memória. Mas desde muito antes da DIPJ até muito depois da ECF, toda empresa quer e precisa ser lucrativa e rentável. Precisando ou não de um executor de burocracias, a empresa precisa de alguém que mostre o caminho desse crescimento, conduza suas práticas naquela direção, aconselhe e acompanhe de forma consistente. E você pode ser esse profissional.
O lance é que tem um universo empresarial muito diverso. Das Micro às de Grande Porte, há aventureiros que não estão nem aí pra sua própria empresa. Das Micro às de Grande Porte, há empresários dormindo mal pensando em um jeito de melhorar processos, otimizar resultados, garantir que vão conseguir pagar os salários dos empregados, gerar mais empregos etc. Se você melhorar seu conhecimento técnico, focar em qual tipo de pessoa quer atingir e deixar o resto do mundo saber o que você pode fazer por ele, talvez comece a enxergar mais a parte do mercado que você deseja e menos a parte do mercado que não lhe interessa.
Ufa! Esse post foi mais longo que o de costume, mas ainda assim é uma abordagem inicial. Há muitas nuances, enormes complexidades e, o principal… MUITAS OPORTUNIDADES. Uma delas se demonstra pela especialização, pela segmentação para atender melhor nichos específicos. Mas muita gente tem receio dela porque pode significar perder outras oportunidades. Será mesmo? Semana que vem vamos falar sobre isso.
Forte abraço, bons estudos e uma ótima semana!
Ah! Em tempo: Se você gosta de temas como mercado internacional contábil, crítica à burocracia brasileira e à subserviência contábil a isso, um cara muito legal para acompanhar é o Alexandre Saramelli… nesses assuntos, esse é o especialista que eu acompanho, inclusive graças ao qual eu descobri sobre essa evolução da SAT Mexicana.
por Caio Melo
Fonte: Blog.caiomelo.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário