quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Fatores de sucesso (ou de fracasso) na auditoria

Nem sempre a competência ou a falta desta é fator determinante no sucesso ou insucesso de um profissional.  É isso que nos mostra o livro Auditoria, Contabilidade e Controle Interno no Setor Público, do autor Domingos Poubel de Castro. A seguir, veja alguns fatores que abrem o caminho do sucesso ou fracasso na Auditoria, tanto no campo profissional quanto no pessoal:

Sucesso ou fracasso na Auditoria: fatores que contribuem para o desenvolvimento profissional

No campo pessoal:

• objetivo: este é a base do sucesso. Sucesso é conseguir o que se quer (diferente de felicidade, que é estar satisfeito com o que se tem!). Logo, objetivo é a definição do que se quer. Portanto, é fundamental ter clareza de onde se quer chegar. Ter consciência de onde se está. Saber o que falta fazer (ação) para alcançar seu objetivo. Toda ação, mesmo as mais simples, deve estar direcionada para seu objetivo, para que o caminho para alcançá-lo seja encurtado. Eventualmente, correções de percurso podem ocorrer e são normais, mas guinadas radicais são arriscadas e levam tempo para se adequar. Em resumo, há que se definir bem e com antecedência onde se quer chegar, para que o sucesso aconteça mais rápido. Lembre-se de que enquanto seu objetivo não for atingido você terá garantia de paz interior e gosto pelo que faz;

• determinação: funciona como combustível para suas ações em busca dos seus objetivos. A partir do momento em que você define um objetivo, suas energias e forças devem acionar o máximo de suas potencialidades para atingi-lo. Todo o tempo e todos os recursos precisam ser aproveitados. Apoios e meios devem ser utilizados em prol deles. Procure sempre responder uma pergunta para qualquer ação a desenvolver. Isto contribui para o meu objetivo? Se ela contribui, faça-a. Se não contribui, desista. Isto ajuda você a decidir sobre esta ou aquela ação, evitando angústias que sempre acontecem, quando é preciso tomar uma decisão, por mais simples ou complexa que seja;

• oportunidade: algumas vezes, aparece junto com a identificação dos objetivos, sendo em alguns casos, seu substituto. Assim como é importante ter clareza de objetivos, é bom ficar atento para não perder as oportunidades, porque elas passam e nem sempre acontecem no momento esperado. É importante estar concentrado, de forma a identificar oportunidades que ajudem na consecução dos objetivos, e não perdê-las;

• perseverança: força que nos move e sustenta nossas ações, mesmo com as adversidades que se apresentam no caminho dos objetivos traçados. Para conquistá-la, acredite em você. Você conseguirá o que deseja e nada o tirará do rumo traçado para sua conquista maior. Acredite que os obstáculos foram colocados em seu caminho para serem ultrapassados, e para você valorizar o resultado;

• humor e otimismo: com humor ou não, a vida passa. Com humor ou não, o tempo no trabalho é o mesmo. O humor e o otimismo aumentam as amizades. Humor e otimismo são características dos vencedores, dos felizes, dos tementes a Deus e dos que produzem resultados. O negativismo destrói. O otimismo constrói.

É melhor uma cadeira vazia no ambiente de trabalho do que ocupada por um pessimista!

O pessimismo é característica dos que não conseguem sucesso ou não o merecem. Afaste-se de coisas e pessoas pessimistas e, consequentemente, mal humoradas. Evite programas, leituras e pessoas que se pautam por abusar da desgraça alheia. Evite se aproximar ou conviver com pessoas más. Identifique os bons, que, certamente, estarão de bom humor! Conviva com os bons, assimilando seus fluidos positivos. Evite falar mal das pessoas. Não constrói!:

• amizade: é importante ter um grupo seleto de amigos com quem você possa discutir suas ideias, trocar experiências, confidenciar questões de difícil solução. Funciona como uma torcida organizada e muitas vezes participa na manutenção de sua máxima motivação. Os amigos devem ser selecionados entre aqueles que possuem princípios comuns. Amizade é igual casamento. Se os objetivos e os princípios não forem comuns, não dá certo. Eu comecei minha vida de auditoria com 21 anos. Mais de 40 anos depois, ainda tenho amigos do início de minha carreira. Ao longo desse período, experimentamos posições diferentes. Fomos chefes e subordinados um do outro. As posições se modificaram, mas a amizade foi mantida;

• relacionamento: todo sucesso é traduzido por reconhecimentos. Não se faz sucesso sozinho. É fundamental que, durante toda sua carreira se vá montando uma rede de relacionamentos, pois, ao chegar a hora certa, ele será primordial para evidenciar, difundir e sustentar seu sucesso;

• habilidades: serão fundamentais na condução da carreira de qualquer profissional. Identifique os seus pontos fortes, e procure potencializá-los. Não tenha receios de conhecer seus pontos fracos, para minimizá-los e superá-los. Quanto mais habilidades, mais oportunidades, mais resultados positivos, mais condições de melhorar a eficiência do trabalho. As habilidades abrem portas para novos desafios, novas amizades e reconhecimentos dos colegas;

• honestidade: não sucumba às tentações dos caminhos fáceis, da busca do prazer pelo prazer, da tentação pelo poder, dos desvios dos seus princípios e da busca de resultados rápidos. Paute suas atitudes sobre princípios claros que o caracterizem. O auditor sempre é observado. Pregar ou questionar uma coisa e fazer outra será objeto de comentários negativos. A coerência está no dizer e fazer. Honestidade, confiança, lealdade se constroem com o tempo e com exemplos. Cuidado! Para conseguir estes fatores, são necessárias muitas ações. Entretanto, basta uma fraqueza para perdê-los;

• humildade: uma vez conquistado o reconhecimento que alguns chamam de sucesso, é importante mantê-lo. Não deixe que ele transforme você. Continue humilde e evite ostentações, que é a marca do falso sucesso. Geralmente, quem não é humilde procura ostentar algo que não tem, ao contrário dos competentes, que não precisam de aparecer, mostrar, pois são vistos naturalmente. Os verdadeiros reconhecimentos de competência, experiência, honestidade, lealdade ou inteligência têm grandeza maior quando os guardamos bem, deixando para os outros a função de anunciá-los.

No campo profissional:

• conhecimento: o auditor deve possuir conhecimento das técnicas de auditoria, das normas que regem sua classe, da entidade em que atua e das operações envolvidas em seu trabalho. A cultura geral e a base gramatical enriquecerão os relatórios elaborados pelo profissional e tornarão a leitura dos mesmos mais agradáveis. O auditor deve procurar atuar em setores ou áreas compatíveis com sua vocação ou com a experiência adquirida anteriormente, para aumentar sua eficiência e tornar o seu dia a dia mais feliz. “Quem faz o que gosta faz melhor”;

• formação: a formação básica do auditor e indispensável, em qualquer modalidade é a contabilidade. Sem ela, não haverá condições para atuar em auditoria contábil ou auxiliar a auditoria externa de balanços. O auditor que não conhece as regras da contabilidade, sente dificuldade para buscar informações no sistema contábil, que é o sistema oficial de qualquer entidade. Como as áreas de atuação da auditoria têm crescido constantemente, outras formações ou conhecimentos são importantes: economia, administração, direito e informática, mesmo que não seja graduado, mas conheça seus princípios e os instrumentos básicos utilizados na área e nos sistemas de suporte à gestão;

• atualização: formação sem atualização não tem como se sustentar no tempo e no mercado, porque tudo muda rápido ou está sujeito, constantemente, a inovações. Conquistados o conhecimento e a formação necessária, há que se manter bem informado e atualizado, tecnicamente, de forma que cursos técnicos, cursos de extensão, seminários, simpósios, encontros, congressos e outras atividades são importantes para se manter em dia e cumprir com o que é exigido e praticado na auditoria;

• modernidade: na vida pessoal e profissional procure saber tudo o que está sendo usado no mercado. Dentro do possível, atualize sua pasta, na área de recursos humanos, mantendo atualizado seu currículo e divulgando-o, progressivamente, aos seus interlocutores. De forma que, os que o acompanham se inteirem de sua evolução interior, que nem sempre é vista ou entendida pelos que não sabem de seus propósitos; complementos: alguns fatores são importantes para o crescimento profissional em qualquer profissão: domínio e uso constante da informática, fluência no espanhol ou inglês, para facilitar acessos e ampliar sua atuação e engajamento em matéria de responsabilidade social. São fatores que ajudam a diferenciar o profissional e trazem vantagens profissionais, sabor de conquistas e realizações interiores;

• apresentação: é sem dúvida um complemento na profissão do auditor. Se usada em excesso, motivará deboches. No caso da auditoria, a apresentação deve ser discreta, elegante, sem exageros. Comecei minha vida como auditor, aos 21 anos, em uma empresa multinacional de petróleo. Nunca me esqueci do conselho do meu chefe da área de operações, quando fui me despedir, para ir para a auditoria, escolhido por concurso interno. Ele me disse: “Sempre use terno aqui na empresa. Até no elevador, você está sendo observado por seus colegas e superiores.” Adotei esta regra. Ainda uso terno no meu trabalho.

No campo do trabalho da auditoria:

Independentemente das questões pessoais, comportamentais ou técnicas, os produtos da auditoria serão marcantes na formação da imagem do profissional, com sucesso ou fracasso. E ficarão guardados na mente daqueles com quem convive como cartão de visita permanente. Os momentos marcantes que ficarão guardados são os extremos, pelo lado positivo ou negativo. Três fatores são os mais importantes no campo específico dos trabalhos da auditoria e ajudarão a atingir o sucesso e, consequentemente, evitar o fracasso: objetividade; prudência; e bom-senso;

• objetividade: no dia a dia de qualquer profissional, suas ações estão ligadas a dois tipos de motivações: aquelas que são feitas para atender os objetivos estratégicos da entidade e aquelas que são feitas por obrigação. No segundo caso, se a razão é cumprir uma obrigação, deve ser feita com qualidade, sem muitos esforços adicionais, pois o reconhecimento é baixo. Está mais para risco e insucesso que para sucesso. Se não for feita, e benfeita, afeta a imagem do profissional.

Quando bem feita, é apenas obrigação. O sucesso da auditoria está em produzir trabalhos que agreguem valor à administração; que ajudem na busca dos resultados planejados para a entidade. Lembre-se de que a função da auditoria é “fazer o que o gestor não tem tempo de fazer ou condições técnicas para fazê-lo”. Logo, o resultado da auditoria deve servir como complemento ou inovação do trabalho do dirigente, agregando valor à administração superior. Nesse sentido, a auditoria operacional, a auditoria de avaliação dos controles internos e a Auditoria Baseada em Risco (ABR) são as que oferecem maior resultado para a auditoria interna;

• prudência: nos trabalhos da auditoria interna, a prudência acontece no nível individual e institucional. No individual, a preocupação com a qualidade das evidências e o direito de defesa do auditado evita que um ponto abordado não tenha sustentação suficiente, quando questionado. No campo institucional, o grande risco da auditoria interna é aparecer um problema apontado por auditores externos, pela imprensa ou outra forma de escândalo que caracterize falta de controles internos que a auditoria não tenha visto ou prevenido. Para diminuir esses riscos, a auditoria interna deve ficar atenta para que um setor não fique muito tempo sem ser visitado. Deve conhecer os hábitos e o passado dos responsáveis, para definir a matriz de riscos e avaliar a eficiência dos controles internos, principalmente quanto à segregação de funções. Deve ficar atenta aos sinais de riquezas dos integrantes dos setores que administram recursos e efetuam compras.

• bom senso: este fator está mais para o fracasso do auditor do que sucesso, quando não for bem utilizado. Sua utilização deve ser atrelada à prudência, para não ser surpreendido, quando não observado. Não existe receita de bom senso. Somente a convivência com os fatos, a observação das críticas e a sabedoria adquirida com o tempo, vão cristalizá-lo.

Entretanto, deve ser feito um ensaio do ponto descrito, sob a ótica do ridículo ou da relevância, para se chegar ao bom senso. Este requer um desenvolvimento pessoal contínuo da inteligência, da observação, do raciocínio, da razão, da maturidade e da intuição. Veja que o bom-senso pode representar um risco. Não existem regras fixas para aplicá-lo. Mesmo assim, é preciso ter bom-senso!

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