O Uruguai demonstrou preocupação com os impactos
da reforma trabalhista do Brasil e pretende pressionar pela organização
de uma reunião no Mercosul que debata o assunto.
“Não vamos interferir na legislação interna dos países, mas queremos
marcar preocupações, porque assim vai ser muito difícil competir”,
declarou o ministro de Relações Exteriores do Uruguai, Rodolfo Nin
Novoa. “O salário dos trabalhadores não pode ser a variável de ajuste
para a concorrência nos mercados”, acrescentou.
Na mesma linha, o ministro do Trabalho do Uruguai, Ernesto Murro, disse que já enviou uma nota ao Brasil,
que atualmente exerce a Presidência rotativa do bloco, solicitando a reunião dos órgãos sociotrabalhistas do
Mercosul. A intenção é pedir que o governo do presidente Michel Temer apresente os detalhes da reforma para
que os outros membros do bloco – Argentina, Uruguai e Paraguai – analisem os impactos das mudanças no
mercado brasileiro.
“Se vale mais um acordo individual entre um trabalhador e um empresário do que uma lei ou um convênio,
retrocedemos dois ou três séculos”, criticou Murro. “Se no Mercosul temos que respeitar distintos direitos e
obrigações, também precisamos respeitar direitos sociais e trabalhistas”, acrescentou o ministro, em declaração
publicada no site da Presidência uruguaia.
As críticas do governo vizinho ainda foram reforçadas pelo ministro da Economia, Danilo Astori, que disse ter a
“sensação de que muitos trabalhadores no Brasil podem enfrentar consequências negativas” por conta da
reforma brasileira.
Fonte: Valor.com.br/
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