Este artigo integra as ideias de duas linhas de pesquisa sobre custo de capital próprio e precificação de ativos: modelos multifatoriais e modelos ex ante. Utilizamos o índice lucro/preço como um indicador para o custo de capital próprio ex ante, a fim de explicar os retornos realizados por empresas brasileiras no período de 1995 a 2013. O achado inicial foi que as ações com altos (baixos) índices lucro/preço têm maiores (menores) retornos realizados ajustados ao risco, controlados pelo beta do CAPM. Os resultados mostram que a seleção de ações com base em altos índices lucro/preço levou a retornos ajustados ao risco significativamente maiores no mercado brasileiro, com retornos anormais médios próximos a 1,3% ao mês. Desenvolvemos modelos de precificação que incluem um fator de risco lucro/preço, com base no modelo de três fatores de Fama e French. Concluímos que tal fator de risco é relevante para explicar os retornos das carteiras, mesmo quando controlado pelo porte e pelo índice valor de mercado/patrimônio líquido. Os modelos que incluem o fator de risco lucro/preço foram superiores para explicar os retornos de ações no Brasil quando comparados ao CAPM e ao modelo de três fatores de Fama e French, apresentando o menor número de interceptos significativos. Esses resultados podem decorrer do impacto da inflação historicamente elevada no Brasil, que reduz o conteúdo informativo do valor do patrimônio líquido, tornando, assim, os modelos baseados em índices lucro/ preço superiores. Tais resultados são diferentes dos obtidos em mercados mais desenvolvidos e a superioridade do índice lucro/preço para precificação de ativos também pode existir em outros mercados emergentes.
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