sábado, 4 de maio de 2019

Entenda a relação de taxa de retorno e margem x giro

Relação de Taxa de Retorno e Margem x Giro

A Taxa de Retorno pode se decompor em dois elementos que contribuirão sensivelmente para seu estudo:

a. Margem de Lucro Líquido: significa quantos centavos de cada real de venda restaram após a dedução de todas as despesas (inclusive o Imposto de Renda). É evidente que, quanto maior a margem, melhor.


Esses indicadores de Lucro sobre Vendas são conhecidos como lucratividade, ou seja, apuram quantos centavos se ganha por real vendido.

b. Giro do Ativo: significa a eficiência com que a empresa utiliza seus Ativos com o objetivo de gerar reais de vendas. Quanto mais reais de vendas forem gerados, mais eficientemente os Ativos serão utilizados.


Esse indicador é conhecido também como “produtividade”. Quanto mais o Ativo gerar em vendas reais, mais eficiente a gerência estará sendo na administração dos investimentos (Ativo). A ideia é produzir mais e vender mais, em uma proporção maior que os investimentos no Ativo.

c. Taxa de Retorno sobre Investimentos: pode ser obtida por meio da multiplicação da Margem de Lucro pelo Giro do Ativo. As empresas que ganham mais na margem normalmente ganham no preço. As empresas que ganham mais no giro visam quantidade. A rentabilidade de uma empresa é obtida por meio de uma boa conjugação entre preço e quantidade, ou seja, entre Margem (lucratividade) e Giro (produtividade): Margem de Lucro × Giro do Ativo = TRI.

Vejamos:


Análise da Margem × Giro

As empresas podem ter a mesma Taxa de Retorno sobre Investimentos com Margem e Giro totalmente diferentes.


Assim, conforme a característica de cada empresa, o ganho poderá ocorrer em uma concentração maior sobre o giro ou sobre a margem. Empresas que necessitam de grandes investimentos terão dificuldades em vender o correspondente a uma vez seu Ativo durante o ano, ou, ainda, necessitarão de vários anos para vendê-lo pelo correspondente a uma vez apenas. Essas empresas ganharão na margem para obter uma boa TRI. São os casos das usinas hidrelétricas, do metrô, de companhias telefônicas etc.

Se o metrô desejar uma TRI de 20% ao ano, sabendo que demorará, em média, quatro anos para vender uma vez seu Ativo, deverá planejar uma Margem de Lucro de 80%:

Ou seja, de cada bilhete vendido, 20% serão custo e 80% serão lucro. Assim, sem prejudicar a TRI, o giro lento do Ativo será compensado pela boa margem.

Se comprarmos uma lata de leite em pó no domingo, em uma padaria, pagaremos um preço bem mais elevado que em um supermercado. Apesar de nossa reação negativa, poderemos afirmar que o proprietário da padaria não está ganhando mais que o supermercado (talvez menos). O que acontece é que o primeiro está ganhando na Margem (pois as latas ficam estocadas longo tempo nas prateleiras, girando pouco seu Ativo), enquanto o supermercado ganha no Giro (as latas ficam pouco tempo nas prateleiras). Uma empresa que comercia ouro, seguradoras, butiques, hotéis de luxo, algumas companhias aéreas etc. são exemplos de empresas que ganham mais na Margem. Supermercados, atacadistas, jornais, fastfood etc. ganham no Giro.

JOSÉ CARLOS MARION
É mestre, doutor e livre-docente em Contabilidade pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/ USP). É professor e pesquisador do Mestrado em Contabilidade na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Dentre os 29 livros publicados na área contábil, é autor de Contabilidade rural, Contabilidade empresarial e Contabilidade básica e coautor de Curso de contabilidade para não contadores, Contabilidade avançada, Introdução à teoria da contabilidade, Contabilidade comercial, Administração de custos na agropecuária, Manual de contabilidade para pequenas e médias empresas, Contabilidade geral para concurso público, Contabilidade da pecuária e Normas e práticas contábeis, publicados pelo GEN | Atlas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário