sexta-feira, 26 de abril de 2019

Aspectos a serem observados no cálculo da Rentabilidade


É necessário observar alguns aspectos no cálculo da Rentabilidade. Quando compararmos Lucro com Ativo, ou Lucro com Patrimônio Líquido, devemos considerar:

  • Muitos conceitos de lucro poderão ser utilizados: Lucro Líquido, Lucro Operacional, Lucro Bruto etc. É imprescindível que o numerador seja coerente com o denominador. Se utilizarmos o Lucro Líquido no numerador, utilizaremos o Ativo Total no denominador. Utilizando o Lucro Operacional no numerador, utilizaremos Ativo Operacional no denominador, e assim sucessivamente.
  • Tanto o Ativo como o Patrimônio Líquido, utilizados no denominador para cálculo da Taxa de Retorno, poderiam ser o médio:



A razão é que nem o Ativo Final nem o Ativo Inicial geraram o resultado, mas a média do Ativo utilizado no ano. Idem para o Patrimônio Líquido. Todavia, para fins de Análise Horizontal, o cálculo com o Ativo ou Patrimônio Líquido final é válido.

Aspectos a serem observados no cálculo da Rentabilidade

Taxa de Retorno sobre Investimentos (TRI) (do ponto de vista da empresa)

Vamos admitir dados da Empresa Sucesso Ltda.


Poder de ganho da empresa: para cada $ 1,00 investido há um ganho de $ 0,20. Isso significa que, em média, haverá uma demora de cinco anos para que a empresa obtenha de volta seu investimento (100%/20%), ou seja, o payback do investimento total é calculado dividindo-se 100% pelo TRI (payback = tempo médio do retorno).

Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido (do ponto de vista dos proprietários)


Poder de ganho dos proprietários: para cada $ 1,00 investido há um ganho de $ 0,25. Isso significa, em média, que demorará quatro anos para que os proprietários recuperem seus investimentos (payback dos proprietários).

Rentabilidade da empresa × Rentabilidade do empresário (ROI × ROE)

Em inglês, ROI é Return On Investment (Retorno sobre Investimento, que é a mesma coisa que Retorno sobre Ativo ou TRI); ROE é Return On Equity (Retorno sobre o Capital Investido pelos proprietários, que é a mesma coisa que Retorno sobre Patrimônio Líquido ou TRPL). Assim,


A rentabilidade é medida em função dos investimentos. As fontes de financiamento do Ativo são Capital Próprio e Capital de Terceiros. A administração adequada do Ativo proporciona maior retorno para a empresa. Por outro lado, os donos da empresa querem saber quanto esse retorno (LL) representa em relação ao capital que eles (donos) investiram.

É possível que essas duas formas de medir rentabilidade pareçam a mesma coisa, sem trazer grande contribuição para tomada de decisão. Daí nossa iniciativa em avaliar um exemplo que deverá esclarecer decisivamente a importância de analisar pelos dois ângulos. Admitamos que a Empresa Sucesso Ltda., no ano 1, obteve um lucro de $ 185.162, tendo o seguinte Balanço Patrimonial:


Admitamos que o gerente do Banco Oportunista ofereça um crédito de $ 700.000 por um ano, renovável. O contador faz diversas simulações. Admitindo-se que a empresa aceite os $ 700.000 emprestados do Banco Oportunista (ele pressupõe todas as alternativas de usar os recursos emprestados tanto no Ativo Circulante como no Ativo Permanente), a melhor opção é um acréscimo no Lucro de $ 50.000 (acréscimo no Lucro já deduzidos os juros), se aplicar $ 400.000 no Circulante e $ 300.000 no Ativo Não Circulante (Imobilizado).

Partindo do pressuposto de que a empresa distribuiu todo o lucro em forma de dividendos, você concordaria em aceitar esse empréstimo?

a) Se você fosse o dono? b) Se você fosse o administrador?

Vamos ver como fica o Balanço Patrimonial da empresa:


Quadro dos índices do tripé:


Veja que, nesse caso, para o proprietário, a aquisição do empréstimo é bom negócio, pois aumenta a rentabilidade de 25% para 32%, reduzindo o payback em um ano. Todavia, do ponto de vista do administrador, cai a liquidez, aumenta o endividamento e reduz o payback da empresa em mais de dois anos. Parece que esse empréstimo faria o proprietário mais rico e a empresa mais pobre. Assim, do ponto de vista gerencial, não é interessante aceitar esse empréstimo, pois o tripé pioraria.

JOSÉ CARLOS MARION
É mestre, doutor e livre-docente em Contabilidade pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/ USP). É professor e pesquisador do Mestrado em Contabilidade na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Dentre os 29 livros publicados na área contábil, é autor de Contabilidade rural, Contabilidade empresarial e Contabilidade básica e coautor de Curso de contabilidade para não contadores, Contabilidade avançada, Introdução à teoria da contabilidade, Contabilidade comercial, Administração de custos na agropecuária, Manual de contabilidade para pequenas e médias empresas, Contabilidade geral para concurso público, Contabilidade da pecuária e Normas e práticas contábeis, publicados pelo GEN | Atlas.

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