quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Injustiça para Todos

Pode não parecer tão evidente à primeira vista, mas critérios contábeis podem ter enorme influência sobre preços de serviços públicos. 

Um bom exemplo é a energia elétrica com tarifa controlada pelo poder público. Uma concessionária faz investimentos para poder explorar o serviço e espera um retorno sobre o montante investido — um lucro fundamentado no valor do dinheiro no tempo (juro real) e no risco. E precisa recuperar o investimento, como se fosse uma simples aplicação financeira a ser recebida ao longo do tempo: a cada mês, uma parcela relativa à devolução de parte do valor aplicado e outra relativa ao juro. Vale ressaltar que, no caso desse setor, é comum uma parte do investimento ser recuperada apenas ao final do prazo da concessão, o que muda os cálculos mas não o conceito. 

Imagine-se, para simplificar, uma empresa que opera com geração, transmissão e distribuição de energia e que investe 1 bilhão de reais numa concessão de 50 anos, com a tarifa visando a obtenção de uma taxa de retorno real de 1% ao mês antes do imposto de renda (inflação, por enquanto, zero). E tomemos como justa essa remuneração. Considerando-se uma quantidade constante de energia ao longo do tempo, deverá a empresa cobrar uma tarifa que a ela permita pagar todas as suas despesas operacionais regulares e obter um fluxo de caixa que recupere o investimento total feito ao longo dos 50 anos e produza retorno equivalente a 1% ao mês sobre o saldo não recuperado.

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por Eliseu Martins é professor emérito da FEA-USP e da FEA/RP-USP, consultor e parecerista na área contábil

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