Estamos a alguns dias da vigência do Novo Acordo Ortográfico. A partir de 1º de janeiro de 2016, só valerão as novas regras ortográficas. No entanto, ainda se observam algumas palavras que não seguem o princípio das alterações previstas no Decreto 6583/08.
O hífen nos compostos com conectivos, por exemplo, só deveria existir em termos que façam referência à Botânica ou à Zoologia. Não é o que acontece com o termo "água-de-colônia" (perfume).
Há duas famosas versões que explicam a origem desse substantivo composto. Durante a Guerra dos Sete Anos (1756-63), quando soldados franceses ocuparam a cidade de Colônia, então na Prússia (hoje Alemanha), lá descobriram uma loção muito cheirosa. Ao enviarem algumas amostras para a França, teriam batizado a novidade de "água-de-colônia". Já a outra versão diz que o banqueiro Ferdinand Muhlens, morador de Colônia, ofereceu refúgio a um monge. Este, como agradecimento, presenteou-lhe com a fórmula para fazer uma aqua mirabilis (água milagrosa), que era exatamente o perfume. Muhlens gostou tanto do resultado que resolveu produzi-la. Esse tipo de perfume ganhou o nome de "água-de-colônia"
Pelo fato de o termo não ter relação botânica ou zoológica, por que a permanência do hífen? O famoso Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa clama por uma atualização, conforme opinião de muitos estudiosos e críticos.
Se o caso fosse isolado com "água-de-colônia", mas não: "pé-de-meia", "cor-de-rosa", "mais-que-perfeito" permanecem - de maneira ilógica - com o bendito sinalzinho.
É lamentável admitir que os casos de hifenização (como diria a querida professora Dad Squarisi) são verdadeira infernização para o escritor.
Diogo Arrais - Professor de Língua Portuguesa – Damásio Educacional
Fonte: Exame.abril.com.br
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