Um estudo da consultoria PwC, que será divulgado nesta segunda-feira,
aponta que 77% das empresas familiares no país tiveram crescimento no
faturamento nos últimos 12 meses, percentual acima do dado mundial
(65%).
Mesmo em um cenário econômico conturbado, essas empresas têm conseguido
driblar os percalços da crise graças à capacidade de tomar decisões
rapidamente, aponta Carlos Mendonça, sócio da PwC Brasil.
"Elas têm facilidade de se adaptar a condições voláteis, mais do que uma
empresa de controle difuso." Esse foi justamente um fator apontado pela
maioria dos entrevistados como um diferencial dessa modalidade de
empresa.
Apesar do crescimento, quase a metade (43%) apontou a competitividade
como uma preocupação constante. No mercado internacional, 35% dos
empresários apostam que a capacidade de competir será o maior desafio
nos próximos cinco anos
Com apenas 9% das vendas no mercado internacional, a expectativa é que
esse número cresça seis pontos percentuais até 2017 nesse setor. O
acesso a capital é outra questão que preocupa empresários de grupos
familiares.
A dificuldade de competição pode ser explicada porque grande parte dessas empresas é de pequeno porte.
Fabio Matuoka Mizumoto, professor de economia da FGV (Fundação Getúlio
Vargas), explica que as micro, médias e pequenas empresas têm
dificuldade em comprometer uma parcela de sua arrecadação com
investimentos básicos necessários ao comércio internacional. Em empresas
maiores, esses gastos são diluídos.
No cenário nacional, a empresa tem dificuldade de se enquadrar no
ambiente regulatório, sobretudo em questões relativas à tributação, e
não tem acesso a contadores e advogados especializados.
INOVAÇÃO
Luiz Barretto, presidente do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas) explica que, para se diferenciar, as empresas
têm que investir em inovação e qualidade. " A pequena empresa familiar
precisa comprar equipamentos de ponta, prestar serviço e pós-venda de
qualidade", indica.
Foi o que fez Ideli da Conceição, 48, dona da Scalon Uniforme. Sua
empresa começou há 27 anos, quando juntou-se à mãe, costureira, e
iniciou uma confecção de roupas.
Hoje, ela fornece uniformes para empresas de vários setores. Nem sempre
oferece o valor final mais barato, mas ganha clientela com um produto
especializado. "O brasileiro está pensando diferente. Antes, só o preço
que importava", aponta.
Atualmente ela e o filho trabalham na empresa, mas seu ex-marido, sua
outra filha e sua mãe já compuseram o quadro de funcionários.
Ela conta que passa por um bom período, mas já amargou dez anos de
prejuízos. Pagar impostos foi justamente uma de suas maiores
dificuldades.
Carlos Mendonça, da PwC, diz que as empresas têm de melhorar suas
práticas de transparência para facilitar investimentos e obtenção de
crédito. Outro fator preponderante, ressalta, é "saber crescer",
adequando a estrutura da empresa a um número maior de clientes.
por CLARA ROMAN
Fonte: Folha de S. Paulo
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