Alice perguntou ao Coelho: "Quanto tempo dura o eterno?" Dele ouviu: "Às
vezes apenas um segundo". Esse diálogo da obra de Lewis Carroll é tão
non sense quanto a realidade tributária brasileira.
No dia 19 de agosto último, os jornais noticiaram que Jorge
Gerdau, empresário que também comanda a Câmara de Gestão do governo
federal, afirmou que "... até o final do ano o governo deve concentrar a
cobrança do PIS e Cofins" (DCI).
Foi veiculado ainda que " ... a Receita Federal já está convencida
dos ganhos que terá com a mudança no recolhimento dos dois impostos,
pois poderá deixar de fiscalizar milhares de pequenos estabelecimentos e
suas notas fiscais, concentrando o trabalho nas grandes indústrias da
manufatura" (Panorama Brasil).
Exatamente um mês depois dessa notícia, em 19 de setembro, a imprensa
noticiou: "... a proposta de reforma do PIS-Cofins está praticamente
pronta". O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson
Barbosa, disse claro e bom som que a reformulação e simplificação do
PIS-Cofins foi incluída no leque de medidas para reduzir o custo de
produção e incentivar o investimento no país. Barbosa declarou ainda,
num dos trechos da reportagem: "... chegou a um ponto em que a
simplificação é boa para o setor privado e também para a Receita
Federal" (Valor Econômico).
Entretanto, conforme anunciado, o governo esperava aprovar essa
simplificação até meados do ano que vem. Um pequeno atraso em relação à
expectativa anterior, mas tudo bem.
Em 11 de outubro, os jornais publicaram que o secretário-executivo
adjunto do Ministério da Fazenda, Dyogo Henrique de Almeida, declarou
que "... grandes movimentos de ajustes tributários e fiscais do governo
estão comprometidos em 2013, por causa da desoneração da folha de
pagamento e da redução da tarifa de energia elétrica, que devem diminuir
a arrecadação. Com isso, reformas do Programa de Integração Social e da
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins) e
do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) ficarão
para 2014" (O Estado de S. Paulo).
Agora fiquei sem entender. O que antes seria bom para a Receita Federal e o setor privado agora não é mais?
Enfim, quanto tempo dura uma simplificação tributária no Brasil?
Neste caso, não passou de dois meses. Sem dúvida, mais uma fábula que
deve entrar para a história, infelizmente com 'h'.
Por Roberto Dias Duarte
Fonte: Administradores.com.br
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