Neste trabalho, analisamos o “Sistema Ficha Tríplice”, método de contabilização desenvolvido, em 1947, por dois contadores brasileiros, Silvino Barbosa e Edmundo Mário Cavallari, com o objetivo de simplificar os procedimentos de escrituração contábil das empresas. A Contabilidade brasileira, desde seu surgimento, está fortemente atrelada às normas jurídicas e tributárias. Essa vinculação lhe impõe procedimentos de escrituração e comprovação bastante rígidos, tornando mais trabalhosa e árdua a tarefa do contador. Anteriormente ao desenvolvimento e divulgação da contabilidade informatizada, os contadores tinham quatro opções básicas para efetuar os registros contábeis: (1) escrituração manual, que se apresentava demorada e resultava na realização de várias transcrições; (2) escrituração mecanizada, cuja operacionalização exigia a utilização de máquinas complexas, com custo de aquisição elevado para empresas de pequeno e médio porte; (3) escrituração eletromecânica, que apesar de propiciar significativa economia de tempo, ainda era uma tecnologia nova e onerosa para as empresas de médio porte; e (4) escrituração maquinizada, operacionalizada em máquinas de escrever especialmente adaptadas para essa finalidade. O elevado custo das máquinas de escrever e a necessária adaptação destas máquinas para a realização de tarefas contábeis as tornavam inadequadas para operações rotineiras de datilografia. A ideia central do Sistema Ficha Tríplice era simplificar os registros contábeis, possibilitando sua realização em qualquer tipo de máquina de escrever, sem a implantação de mecanismos ou dispositivos complementares, o que permitia maior tempo livre para que o profissional contador realizasse outras atividades contábeis, e dispensava a necessidade de investimentos em equipamentos destinados exclusivamente a procedimentos de contabilidade e escrituração mercantil. Concluímos assinalando que a introdução dos microcomputadores, velozes e versáteis, foi a principal causa para o abandono precoce do Sistema Ficha Tríplice, já que a rápida evolução tecnológica na área da microinformática trouxe significativas agilidades no fluxo de trabalho contábil e tornou a máquina de datilografia obsoleta no âmbito empresarial.
por José Paulo Cosenza - Doutor em Contabilidade e Finanças pela Universidade de Zaragoza; Professor Titular do Departamento de Contabilidade - Faculdade de Administração e Ciências Contábeis - Universidade Federal Fluminense – UFF
Carlos Antonio De Rocchi - Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC; Professor Titular, aposentado, do Departamento de Contabilidade; Faculdade de Ciências Econômicas Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
Nenhum comentário:
Postar um comentário