Liderar é orientar, motivar e influenciar pessoas de modo que se desenvolvam continuamente, aceitem desafios e garantam os resultados esperados pela empresa. Mas encontrar boas lideranças é tão difícil como mantê-las. E quando o líder está desmotivado e caminhando para trás, a situação se torna alarmante. Sobretudo se for membro da família, como costuma ocorrer no setor de varejista. A desmotivação, contudo, não é incomum e atinge indiscriminadamente presidentes, diretores e gerentes. "Os resultados financeiros demoram para ser alcançados e outros são difíceis de ser mensurados, o que traz uma desmotivação natural", explica Christiano Alvim Gomes, sócio do Instituto Aquila, especializado em gestão empresarial. "O dia a dia difícil costuma minar a confiança e, em períodos de retração econômica, a situação se agrava. Afinal, o lucro diminui e a cobrança aumenta", diz.
Para o especialista, é natural que o tempo acomode algumas pessoas, mas as empresas têm de ficar alertas aos sinais antes que seja tarde. Apego a ideias e processos antigos, centralização de responsabilidades e a insistência em manter a mesma linha de raciocínio e leitura do mercado são sinais que devem ser percebidos pelos que comandam a organização: o presidente, os acionistas e os membros do conselho de administração", diz. Seja qual for a situação, a empresa tem que dar uma chance ao profissional e mostrar claramente o que espera dele. "Às vezes o executivo está simplesmente perdido diante de novos rumos da empresa ou de novos processos e não sabe o que a companhia espera dele." Gomes recomenda que o executivo volte a ser lapidado como na ocasião da contratação ou promoção. Se for detectada uma incompatibilidade de função, pode-se pensar em uma troca de departamento. A demissão é o ultimo caso.
O professor Anderson Sant'Anna, coordenador do Núcleo de Desenvolvimento de Lideranças e Pessoas da Fundação Dom Cabral, concorda. Segundo ele, todos têm capacidades que podem ser descobertas e exploradas. Sua recomendação é reestimular o executivo com cursos ou aumentando os desafios da área gerida por ele. "Alternativa importante é ampliar a visão da pessoa, levando- a para conhecer concorrentes, fornecedores e para participar de reuniões de associações de classe, mesmo que a área não exija tais conhecimentos." Para o professor, a queda de rendimento de um líder se assemelha a queda de um avião: sempre há uma série de fatores por trás.
Sant'Anna lembra que esse processo de readaptação é de longo prazo e costuma ser complexo quando envolve sócios, herdeiros e familiares em posição de liderança. Se a questão for de difícil resolução, o professor recomenda a contratação de um terapeuta para o líder com problemas, a criação de um conselho de família e/ou a contratação de uma consultoria ou executivo de fora. "Esses profissionais ajudam a empresa familiar a definir espaços e funções. E o terapeuta ajuda na identificação de aptidões. Sant'Anna afirma ainda que as empresas familiares lidam várias vezes com a imaturidade de membros jovens da família, que acabam assumindo posições de liderança antes de ter conhecimento de si próprio e de gestão de pessoas. Entender negócios é muito mais fácil do que entender pessoas.
Christiano Alvim Gomes, do Instituto Aquila, acredita que as pendências familiares também podem ser resolvidas com a criação de uma espécie de estatuto interno. Nele se devem definir o papel e os resultados esperados de cada familiar e um plano de cargos e salários para os membros do clã. Também convém definir regras que facilitem a convivência, como marcar reuniões apenas na empresa e em horário comercial. "O ciúme será grande se um irmão ganhar o dobro do outro. É preciso motivar o que está em um cargo menos decisivo com clareza sobre o seu papel, as suas responsabilidades, as metas por ele atingidas (ou não), além de uma política clara de prêmios e salários", defende Gomes. E isso serve também para os demais profissionais do varejo alimentar, setor fortemente marcado pela rotatividade: o líder tem que ter claro o peso de sua função e seu plano de carreira. Se nada adiantar para motivá-lo, Gomes diz que a demissão é a solução, e, nesse caso, uma consultoria externa pode fazer o papel de vilã para evitar conflitos. O desligamento, porém, sempre terá um custo emocional e financeiro. Mas isso faz parte do jogo".
Sinais de que o lider não e mais o mesmo
- Chega ao trabalho malvestido
- Trabalha com cara feia
- Tem menos vontade de participar de reuniões e apresentar ideias
- É inflexível sobre qualquer assunto
- Reclama constantemente
- Critica funcionários contratados por ele mesmo ou de longa data na empresa
- Centraliza os trabalhos
- Tem dificuldade de organizar pensamentos
- Repete ideias e pensamentos, o que sinaliza que mantém a mesma leitura do mercado
- Desdenha os mais jovens ou novas ideias
Todo líder pode ser lapidado novamente. basta que ele queira e a empresa volte a oferecer novos desafios, apoio e novas metas
O que pode ser feito
- Incentivar o executivo a participar de cursos, mesmo que não diretamente ligados à atividade
- Incentivar e/ou pagar terapia comportamental ou psicológica
- Chamá-lo para reuniões externas com fornecedores, associações de classe, etc. como forma de ampliar seus horizontes
- Dar prêmios em dinheiro ou descanso
- Traçar objetivos claros e fáceis de serem cumpridos
- Ouvi-lo
- Verificar se não há uma vaga de mesmo nível em outro departamento
- Se nada der certo, demitir
Líderes que são da família proprietária resistem mais a mudanças de atitude. Mas papéis e regras claras ajudam na solução.
Fonte: SM
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