Empresas adotaram contabilidade de hedge para aliviar impacto cambial. Entre empresas com processos abertos estão Petrobras e Braskem.
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) informou nesta terça-feira (13) que está analisando o uso da contabilidade de hedge (proteção cambial) por "um conjunto de companhias" em seus balanços, sem dar detalhes sobre os processos abertos a pedido da Superintendência de Relações com Empresas (SEP).
Entre as empresas brasileiras que adotaram a prática contábil em seus
últimos balanços trimestrais e que tiveram procedimentos de investigação
abertos na CVM estão Petrobras e Braskem.
"A CVM não comenta casos específicos. Não obstante, a Superintendência
de Relações com Empresas informa que está analisando o referido tema
contábil para um conjunto de companhias, no âmbito do Sistema de
Supervisão Baseada em Risco (SBR)", afirmou a comissão, em nota,
acrescentando que não revela "o conteúdo de processos abertos, cujo
acesso, inicialmente, é restrito aos reclamantes/reclamados".
A comissão não esclareceu se os processos abertos são administrativos e de caráter sancionador.
No caso da Petrobras, a adoção de contabilidade de hedge ajudou a
evitar que a companhia fechasse o segundo trimestre no vermelho. A
empresa informou em seu balanço que adotou, a partir de meados de maio,
contabilidade de hedge "para proteção de exportações futuras, permitindo
que perdas cambiais de R$ 7.982 milhões, relativas a cerca de 70% do
endividamento líquido exposto à variação cambial, fossem contabilizadas
no Patrimônio Líquido, as quais serão transferidas para o resultado à
medida que as exportações forem realizadas".
Em entrevista na segunda-feira (12), o diretor Financeiro da
Petrobras, Almir Barbassa, afirmou que o desempenho da Petrobras no 2º
trimestre, que registrou lucro líquido de R$ 6,2 bilhões, seria positivo mesmo se não tivesse sido adotada a contabilidade de hedge.
"A contabilidade de hedge veio para ficar pois traz benefício grande
sobre a redução de volatilidade do resultado da companhia, fruto de
variações cambiais. É um instrumento útil em países em desenvolvimento
porque as empresas de países desenvolvidos têm um mercado de capitais
amplo para se financiarem. Já em países em desenvolvimento, as empresas
carecem de buscar recursos em outros mercados e acabam expostas a essas
variações", disse o executivo.
Já a Braskem informou ter adotado a contabilidade de hedge a partir de
1º de maio com o objetivo "de melhor refletir os efeitos de variações
cambiais no resultado". A empresa reduziu em 87,6% o prejuízo líquido do
segundo trimestre, na comparação anual, para R$ 128 milhões. Sem a
adoção da prática contábil, a empresa teria registrado prejuízo
trimestral de R$ 1,08 bilhão e perda líquida de R$ 855 milhões no
acumulado dos seis meses do ano.
Fonte: G1
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