Uns dez anos depois da edição da Lei das S.As., participava eu de um evento, ao lado de um grande jurista.
Depois de ter discorrido sobre uma porção de exemplos de escolhas contábeis, incertezas, estimativas e de
ter concluído que a Contabilidade se enquadrava completamente no campo das ciências sociais aplicadas,
ouvi uma confidência do jurista: “Nossa, sempre achei que a Contabilidade fosse uma ciência exata… Pode
passar no meu escritório na segunda-feira para me explicar melhor?”
Passados 30 anos, parece que muita coisa mudou, mas nem tudo. Continuo com a impressão de que a
Contabilidade de fato está muito mais integrada às ciências sociais e cada vez mais distante das ciências
exatas. Antes praticamente apenas os contadores falavam da matéria — para os demais ela era um grande
enigma, mas que “batia” nos centavos. Hoje, com transparência muito maior das regras, subjetividade mais
avançada das normas internacionais aqui sendo utilizadas e sem-número de executivos, advogados,
engenheiros, investidores, analistas adentrando nesse universo (conhecendo e discutindo as normas, os
CPCs), essa visão é bem mais clara e generalizada.
Eliseu Martins é professor emérito da FEA-USP e da FEA/RP-USP, consultor e
parecerista na área contábil
Fonte: Capital Aberto
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