Devemos fazer uma análise de cada situação para não se deixar levar pela simplificação do tipo “tudo o que ocorre na área de produção de bens e serviços é classificado como custo” e deve ser levado para a conta patrimonial ‘estoque’, e aquilo que ocorre fora dessa área é despesa, devendo ser 100% registrado no resultado do período. Existem gastos ocorridos na área de produção que não são classificados como custos, e outros ocorridos fora dessa área que são custos.
Custo é o gasto aplicado na elaboração de bens e serviços destinados à venda, tenha ele ocorrido – ou não – na área física que a empresa destina à produção.
Abaixo cito alguns exemplos de gastos ocorridos fora da área de produção e classificados como custos:
b. Transporte de matéria-prima e de componentes, efetuado fora da área de produção, tem o gasto correspondente classificado como custo;
c. Remuneração de técnico que inspeciona, fora da empresa, a qualidade do material adquirido para aplicar na elaboração do bem destinado à venda;
d. Gasto com o deslocamento de técnico na execução da tarefa do item “c”;
e. Gasto com transporte (próprio ou terceirizado) de pessoal alocado às atividades de elaboração de bens.
Temos também exemplos de gastos ocorridos dentro da área de produção e não classificados como custos:
a. Parcela do recurso aplicado correspondente à ociosidade nos períodos em que ela ultrapasse os limites da normalidade. Pois, o custo referente a essa anormalidade deve ser levado diretamente para despesa não operacional, a título de item extraordinário, segundo Ofício-Circular da Comissão de Valores Mobiliários – CVM, em consonância com o estabelecido na Norma Internacional de Contabilidade IAS 2 e no Boletim de Pesquisa Contábil ARB 43;
b. Recursos despendidos na elaboração de um bem de vida útil de longa duração, não destinado à venda, mas para ser utilizado pela própria empresa na elaboração de outros bens, devem ser classificados como imobilizado;
c. Recursos aplicados na produção de bens destinados à venda e, portanto, classificáveis como custo, que foram perdidos em um acidente operacional, devem ser classificados como perda.
A essência deve sempre prevalecer sobre a forma. Portanto, conclui-se que podem existir recursos aplicados fora da área de produção classificados como custos, e, por outro lado, podem existir aqueles que, embora ocorridos dentro da área de produção, não são classificados como custos.
RENÉ GOMES DUTRA
É contador e economista. Como diretor e consultor da área, foi responsável pela implantação do controle de custos em várias empresas. É pós-graduado em Docência Universitária pela Universidade Gama Filho (UGF) e mestre em Ciências Contábeis pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Ex-professor de graduação da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis (FACC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor em cursos de pós-graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade Federal Fluminense (UFF), da Universidade Candido Mendes (UCAM), da Faculdade Machado Sobrinho e de cursos de ampliação de conhecimento profissional no Conselho Regional de Contabilidade do Rio de Janeiro (CRC/RJ), no Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON), na Confederação Nacional da Indústria (CNI), no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e em empresas de grande porte, como Petrobras, Vale e Organizações Globo. Autor dos livros Custos: apropriação e análise, pela Assemp editorial, e Manual de apuração de custos, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Membro participante de bancas examinadoras para admissão de professores da área contábil em instituições como Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade Gama Filho (UGF). Palestrante convidado em convenções, congressos, e fóruns de contabilidade.
Fonte: Gennegociosegestao.com.br/
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