A população foi às ruas nos últimos meses para protestar, em um levante que não se via no Brasil há um bom tempo. A mensagem foi clara: há algo de errado na condução da política econômica e social do país e a população, no geral, não está satisfeita. Em meio a tantos cartazes expostos, o resultado que fica é o de que o Brasil não atua de forma sincronizada aos anseios populares.
Nota-se um visível descompasso e falta de alinhamento das instituições federais, estaduais e municipais para o atendimento das necessidades básicas da sociedade brasileira. É preciso utilizar melhor os recursos para gerar mais valor à sociedade. Temas estratégicos, como saúde, educação, segurança e transporte público não podem estar sujeitos à sazonalidade político-partidária, e sim, a planos consistentes estruturados para o longo prazo.
O ranking do Fórum Mundial de Economia, que funciona como um índice de competitividade global, mostra que o Brasil não está tão bem posicionado frente à outros Países do globo. Embora tenha avançado posições no índice geral, ao longo dos anos, o Brasil está entre os últimos colocados em aspectos relacionados ao setor público, como desperdício em gastos públicos e eficiência do setor. A Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) realizou, em janeiro de 2013, uma pesquisa que procurou entender quais fatores afetam a competitividade brasileira. Em consonância com os pedidos que se viu nas ruas, surgiram questões bem próximas dos clamores da população: foram citados, como barreiras ao crescimento do País, aspectos como, educação (pública e privada), burocracia, legislação trabalhista, política econômica, segurança pública, entre outros.
Assim como a iniciativa privada já vem fazendo há algum tempo, está na hora de discutir também no setor público temas condizentes à busca pela excelência da gestão que, por vezes, já integra a agenda das organizações privadas; como a descentralização da gestão, o pensamento estratégico, o foco em resultados e metas estabelecidas, a implantação de processos claros e o esforço na desburocratização do setor, além do foco em estratégias que possam gerar valor para o país e para os cidadãos brasileiros.
A FNQ já observa uma mobilização silenciosa do setor público para implantação de práticas de gestão sistêmica, seguindo os princípios da iniciativa privada. Um exemplo é o Gespública (Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização), que estabeleceu um modelo de gestão permanente, seguindo os fundamentos e critérios do Modelo de Excelência da Gestão® (MEG), disseminado pela FNQ, e que atua como instrumento referencial para a melhoria de práticas e o alcance do sucesso de organizações de todos os portes e setores. Adaptado ao setor público, o Modelo prevê que governos: municipais, estaduais e federais e órgãos e empresas públicas possam melhorar também a sua gestão e contribuir para o aumento da competitividade da economia brasileira.
O modelo de gestão sistêmico da FNQ, adaptado à realidade do setor público, permite que organizações públicas e privadas façam uma avaliação constante de sua gestão, identificando seus pontos fortes e as oportunidades de melhoria. Ao profissionalizar a sua gestão, a organização consegue atender a população com mais rapidez e eficiência, possibilitando processos mais claros, além de reduzir entraves burocráticos e de infraestrutura que vêm tornando o Brasil menos competitivo frente a outras economias.
Talvez seja o momento de ouvir as manifestações de forma positiva, mudar o nosso modelo mental para fazermos uma política mais realizadora, demonstrando uma atitude proativa frente às demandas declaradas, anunciando um plano para o Brasil mais condizente com o que pede a população e menos ligado em ações pontuais e cosméticas. O momento pode ser propício para uma aproximação mais efetiva aos reais anseios da população brasileira, pois temos condições, de sobra, para construirmos um Brasil melhor.
por Jairo Martins
Fonte: Administradores.com.br
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