segunda-feira, 21 de maio de 2018

O papel do contador no combate à corrupção

DEFINIÇÃO DE EXPRESSÕES

Segundo o dicionário Michaellis, corrupção é a “ação de seduzir por dinheiro, presentes etc., levando alguém a afastar-se da retidão; suborno”.

Também no mesmo dicionário, subornar é: “induzir a procedimento ilegal ou contrário ao dever, oferecendo dinheiro ou benefícios, em proveito próprio”.

As definições supra causam (ou devem causar) sentimento de repulsa imediata, constante e profunda por sua prática. Entendo que, na abordagem das relações humanas, a prática da corrupção é, sem dúvida, a maior maldade que se pode verificar, pois o indivíduo envolvido em situações dessa natureza perdeu o referencial maior da vida: seu vínculo com o Divino que, de per si, é puro e irretocável.

Numa tentativa de consolidar (no sentido de juntar as partes) tais definições, poderíamos dizer que tudo isso é, tanto para criacionistas como para evolucionistas, uma degradação da raça.

INFORMAÇÕES HISTÓRICAS 

Segundo a narrativa bíblica, isso ocorreu no Jardim do Éden, quando a serpente subornou a mulher (Eva) e esta enganou seu companheiro (Adão). Como destaque, vale dizer que a capacidade de convencimento é muito mais forte na mulher do que no homem. O inimigo de Deus procurou a mulher que convenceria o homem; o contrário talvez não desse certo. Uso da estratégia correta.

Uma segunda história (também narrada na Bíblia) dá conta da mãe de gêmeos (Rebeca – mãe de Jacó e Esaú). Na tradição hebraica, o primogênito tinha direito às bênçãos paternas que, segundo se cria, eram convalidadas por Deus. Assim, Rebeca, que gostava mais de Jacó, não admitia o fato de Esaú (havia nascido primeiro) receber a primazia. Certa feita, estando Esaú muito cansado, encontrou-se com Jacó, que preparara uma excelente comida. Esaú pediu um pouco para si, quando Jacó propôs trocar a comida pelo direito da primogenitura. Tal foi feito e a história bíblica conta suas consequências.

Para os evolucionistas, sem deixar de comentar, podemos afirmar que, se o homem evoluiu de outra espécie, houve uma MODIFICAÇÃO na essência do ser original (macaco, peixe etc.), ocasionando uma alteração no comportamento.

POSSÍVEIS CAUSAS 

Ambição desmedida – deturpação do caráter

Fascinação da riqueza – segundo a Bíblia (Marcos 4:19): “mas os cuidados do mundo, a fascinação da riqueza e as demais ambições, concorrendo, sufocam a palavra, ficando ela infrutífera”.

CONSEQUÊNCIAS GERAIS

Materialização da vida;

Isolamento – individualismo excessivo;

Medo constante.

COMO O CONTADOR PODE (E DEVE) PARTICIPAR DO PROCESSO 

Atitudes internas

Comprometimento moral;

Conhecimento dos conceitos e práticas contábeis e seu dinamismo informacional – construção dos demonstrativos contábeis mensalmente (balanço de suspensão/redução), possibilitando a distribuição de lucros, sem ferir os preceitos contábeis e as regras fiscais, bem como proporcionando ao contador a viabilização de declarações de rendimento com distribuição de resultados (prêmio, remuneração do capital do acionista).

Observar o Código de Ética – destaques do art. 2º.

Atitudes externas

Denunciando irregularidades;

Cobrando relatórios das organizações subsidiadas pelo governo e que contam com contribuições da sociedade;

Fazendo sugestões aos órgãos representativos da classe;

Exigindo o cumprimento da LRF dos gestores públicos;

Exigindo da Justiça a prisão de condenados;

Trabalhando em harmonia com os advogados, administradores e economistas comprometidos com os princípios morais.

CONSEQUÊNCIAS ESPECÍFICAS PARA O CONTADOR

No exercício profissional

Punição que vai da censura reservada à cassação definitiva do registro.

Na vida pessoal

Repulsa da classe;

Alijamento social;

Processo cível e criminal;

Possível prisão efetiva.

SUGESTÕES GERAIS E ESPECÍFICAS

Receituário da “Clínica de Recuperação de Corruptos” (“CRC”)

Diariamente, “ingerir” 86.400 doses de postura ética;

Atualizar-se política e culturalmente, por meio de “injeções” de leitura frequente de jornais, periódicos técnicos e literatura em geral;

“Ingestão”, pelo menos semestral, de “pílulas convencionais”, “comprimidos congressistas” e “transfusões de reciclagem acadêmica”.

Resultados esperados da aplicação do “receituário”

Homem/mulher com consciência limpa;

Contador em condições de participar de quaisquer conversas: formais ou repletas de amenidades;

Profissional competente e confiável – moral e tecnicamente.

REFLEXÕES TEMÁTICAS

Solucionando o problema

Ensino Superior responsável;

Docente altruísta, didático e companheiro;

Discente perspicaz, amigo, disposto a aprender (não somente a terminar o curso) e visionário.

Priorizando a vida

Relacionamento com o Ser Superior;

Responsabilidade com quem você fez parte da geração (principalmente);

Assumindo a responsabilidade profissional;

Praticando e promovendo um lazer responsável;

Convivendo em ambiente religioso sem apelo populista.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entendo que o momento é muito propício para a Contabilidade e seus profissionais. Outras profissões têm tentado esclarecer os motivos pelos quais o Brasil não “deslancha”. Sabemos que a falta de controle induz a erros (voluntários e/ou involuntários) e um erro conduz a outro. Portanto, a base de tudo está no apontamento correto das atitudes dos gestores. Os lançamentos contábeis facilitam a investigação, pois informam as origens e as respectivas aplicações dos recursos. Assim sendo, o “segredo” está em nossas mãos, que, com a facilidade incomum às demais profissões, sabemos interpretar essa forma de escrituração dos fatos, que quantifica e qualifica a ação gerencial, propiciando que fraudes sejam descobertas.

Por isso, os contadores não podem deixar essa oportunidade, cumprindo com responsabilidade seu papel, para que a sociedade não sofra com os procedimentos maléficos dos corruptos (ativos e passivos), bem como na cobrança da classe contábil por omissão.

ASSUMAMOS NOSSA RESPONSABILIDADE COMO CIDADÃOS E PROFISSIONAIS DA CONTABILIDADE!

ALBERTO MANOEL SCHERRER
É professor executivo junto à Fundação Getulio Vargas (FGV), programa de pós-graduação (lato sensu) em Administração, atuando no módulo de Contabilidade Geral, na unidade de São José dos Campos (SP), conveniada Conexão Desenvolvimento Empresarial. É também professor de Contabilidade Geral, Contabilidade de Custos, Contabilidade Avançada e Perícia Contábil junto à Faculdade Anhanguera de São José dos Campos. Mestre em Planejamento e Desenvolvimento Regional, pós-graduado (lato sensu) em Gestão Contábil e bacharel em Ciências Contábeis. Consultor empresarial. Autor dos livros Contabilidade imobiliária: abordagem sistêmica, gerencial e fiscal e Como interpretar as questões do exame do CFC, publicados pelo GEN | Atlas.

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