Entrada de capital externo incentivou a adoção do novo modelo de “reporting”.
Impulsionada pelos ingressos mais volumosos do capital externo no País, a adoção do padrão contábil global IFRS (International Financial Reporting Standards) contribuiu expressivamente para aprimorar o nível das demonstrações financeiras das nossas companhias, elevando a transparência na elaboração dos balanços e, com isso, fortalecendo as boas práticas de governança.
“Os mercados foram brindados com informações de qualidade superior, aumentando o poder de análise por parte dos ‘stakeholders’, principalmente sobre a situação patrimonial e financeira das empresas”, avalia Carlos Atushi Nakamuta, diretor financeiro da consultoria Moore Stephens.
Embora haja poucos estudos realizados a respeito, diz o entrevistado, acredita-se que o custo de capital das companhias pode ter diminuído em razão da maior transparência obtida com estes avanços. “Além disso, profissionais de várias áreas também foram valorizados, sobretudo os voltados para contabilidade e finanças, pois o processo de elaboração de demonstrações é sofisticado e requer a participação direta de funcionários de outros departamentos organizacionais”, completa ele.
Os ganhos amealhados reforçaram diretamente as políticas de governança, graças exatamente ao incremento da transparência e à redução da assimetria informacional: “Quando se analisa o padrão IFRS de divulgação das demonstrações, percebe-se uma estreita ligação entre estes fatos, talvez pela clareza no ‘disclosure’ das informações e pela segurança transmitida acerca dos eventos”.
Fazendo uma breve retrospectiva das conquistas alcançadas até agora, o especialista da Moore Stephens lembra que a convergência do padrão contábil adotado no Brasil em direção ao IFRS foi impulsionada pela entrada mais intensiva dos investimentos estrangeiros, fortemente atraídos pelo potencial com que então acenavam a economia, o mercado e as empresas locais, tendo havido, por sinal, numerosos IPOs àquela altura.
“É importante destacar que esse movimento antecedeu a crise das ‘subprimes’ no mercado imobiliário norte-americano, e que as principais agências de risco elevaram o Brasil ao grau de investimento em um espaço de pouco mais de um ano, tendo a Standard & Poor’s sido a primeira. O novo ‘rating’ poderia significar a continuidade do fluxo de capitais rumo ao País, em volume inclusive superior ao verificado até então”, recapitula o entrevistado.
Ciente, portanto, dos benefícios que a adesão ao IFRS poderia trazer ao mercado e ao meio empresarial, o Governo Federal promulgara a Lei 11.638/2007, que apontava para a harmonização com as novas normas internacionais de contabilidade. Antes disso, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) já tinha editado a Instrução CVM 457/2007, obrigando as companhias abertas a divulgarem demonstrações financeiras consolidadas a partir do exercício de 2010.
A implantação do novo padrão contábil foi assim efetivada em meio àquelas companhias e sociedades de grande porte ao fim daquele exercício. De lá para cá, conclui Nakamuta, “é inquestionável o aumento da qualidade informativa apresentada nas demonstrações, permitindo, por exemplo, a comparabilidade das empresas brasileiras com as de outros continentes que têm igualmente o IFRS como referência”.
Fonte: Site Executivos e Financeiros - 10/03/2015
Via Ibracon
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