sexta-feira, 27 de abril de 2018

Remédios caseiros para solução de conflitos

Conflitos fazem parte da paisagem cotidiana dos relacionamentos interpessoais nas organizações. Existem modelos complexos para lidar com os variados tipos de solução de conflitos. Contudo, os mais comuns permeiam o cotidiano, e nem sempre convém buscar remédios caros demais para suas dimensões.

Em muitos casos, convém aos administradores valer-se de estratégias simples e amplamente testadas. Apresento três métodos (nada fazer, acomodação e aconselhamento); analiso algumas de suas vantagens e desvantagens.

Em inúmeras situações, mostram-se satisfatórios, no mínimo, sob as perspectivas das relações custo/benefício emocionais ou econômicas. Destaco em que situações podem conduzir a resultados indesejáveis, se empregados de maneira indevida, inadequada ou precipitada.

Origem 

Os remédios caseiros (ou métodos tradicionais) para a solução de conflitos originam-se primordialmente nos ambientes doméstico e/ou escolar. Precocemente aprendidos, incorporam-se aos repertórios das pessoas. Mais tarde, elas os replicam em situações pretensamente – mas nem sempre – similares, no ambiente profissional.

Uma das origens desse tipo de comportamento encontra-se no condicionamento. Ante um estímulo, a pessoa repete os mesmos procedimentos adotados repetidamente em situações passadas, que produziram, à época, resultados percebidos como favoráveis.

O comportamento do operador de interromper uma máquina quando se acende uma luz de alerta constitui um exemplo bastante conhecido. O gesto é imediato. Comportamentos condicionados são fontes de conflito desde a mais tenra idade e as crianças aprendem a lidar com eles à moda caseira.

Outra causa bastante comum é a influência de modelos. O indivíduo  observa comportamentos de pessoas significativas (pais, avós, irmãos mais velhos, colegas de escola, professores, líderes da juventude) e repete-os – conscientemente ou não.

A cópia de modelos, evidentemente, leva a conflitos quando os comportamentos reproduzidos não se adaptam perfeitamente a outros ambientes. Surgem, pois, novos aprendizados a respeito de como lidar com eles.

Uma terceira fonte importante de comportamentos, merecedora de destaque para as finalidades deste texto, encontra-se nos esquemas de pensamentos desenvolvidos ao longo da vida. Eles fazem parte do processo de aprendizagem formal e informal – este, intenso nas organizações – e funcionam sob a fórmula “se… então…”. Bem conduzidos, fazem parte do pensamento lógico; mal conduzidos, levam aos mais diversos tipos de fanatismos – com gravíssimos prejuízos pessoais e organizacionais.

Enfim, vários fatores podem concorrer para que as pessoas desenvolvam as mais diversas maneiras de lidar com os diferentes tipos de conflitos. Denominei-as, para associá-las com suas origens e maneiras de aplicar, de “remédios caseiros”, que se caracterizam como “Nada a fazer”, “Acomodação” e “Aconselhamento”. Portanto, no próximo artigo, apresentarei o remédio caseiro “Nada a fazer”.

Para um entendimento mais aprofundado da questão, tais práticas encontram-se descritas e comparadas em meu livro Mediação e solução de conflitos: teoria e prática. Com elas, evitam-se as dificuldades naturais da Justiça convencional: ganha-se tempo precioso, reduzem-se os custos e garantem-se aos participantes maior autonomia e segurança na elaboração dos acordos.

OSMIR FIORELLI
José Osmir Fiorelli é graduado em Engenharia pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em Psicologia pela Universidade de Tuiuti do Paraná (UTP) e pós-graduado em Administração pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e em outras universidades, lecionou disciplinas relacionadas à Administração e à Psicologia Organizacional. Atua como palestrante e facilitador em workshops. É coautor de Mediação e solução de conflitos, Psicologia jurídica e Assédio moral: uma visão multidisciplinar, todos publicados pelo GEN | Atlas.

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