Conflitos fazem parte da paisagem cotidiana dos relacionamentos interpessoais nas organizações. Existem modelos complexos para lidar com os variados tipos de solução de conflitos. Contudo, os mais comuns permeiam o cotidiano, e nem sempre convém buscar remédios caros demais para suas dimensões.
Em muitos casos, convém aos administradores valer-se de estratégias simples e amplamente testadas. Apresento três métodos (nada fazer, acomodação e aconselhamento); analiso algumas de suas vantagens e desvantagens.
Origem
Os remédios caseiros (ou métodos tradicionais) para a solução de conflitos originam-se primordialmente nos ambientes doméstico e/ou escolar. Precocemente aprendidos, incorporam-se aos repertórios das pessoas. Mais tarde, elas os replicam em situações pretensamente – mas nem sempre – similares, no ambiente profissional.
Uma das origens desse tipo de comportamento encontra-se no condicionamento. Ante um estímulo, a pessoa repete os mesmos procedimentos adotados repetidamente em situações passadas, que produziram, à época, resultados percebidos como favoráveis.
O comportamento do operador de interromper uma máquina quando se acende uma luz de alerta constitui um exemplo bastante conhecido. O gesto é imediato. Comportamentos condicionados são fontes de conflito desde a mais tenra idade e as crianças aprendem a lidar com eles à moda caseira.
Outra causa bastante comum é a influência de modelos. O indivíduo observa comportamentos de pessoas significativas (pais, avós, irmãos mais velhos, colegas de escola, professores, líderes da juventude) e repete-os – conscientemente ou não.
A cópia de modelos, evidentemente, leva a conflitos quando os comportamentos reproduzidos não se adaptam perfeitamente a outros ambientes. Surgem, pois, novos aprendizados a respeito de como lidar com eles.
Uma terceira fonte importante de comportamentos, merecedora de destaque para as finalidades deste texto, encontra-se nos esquemas de pensamentos desenvolvidos ao longo da vida. Eles fazem parte do processo de aprendizagem formal e informal – este, intenso nas organizações – e funcionam sob a fórmula “se… então…”. Bem conduzidos, fazem parte do pensamento lógico; mal conduzidos, levam aos mais diversos tipos de fanatismos – com gravíssimos prejuízos pessoais e organizacionais.
Enfim, vários fatores podem concorrer para que as pessoas desenvolvam as mais diversas maneiras de lidar com os diferentes tipos de conflitos. Denominei-as, para associá-las com suas origens e maneiras de aplicar, de “remédios caseiros”, que se caracterizam como “Nada a fazer”, “Acomodação” e “Aconselhamento”. Portanto, no próximo artigo, apresentarei o remédio caseiro “Nada a fazer”.
Para um entendimento mais aprofundado da questão, tais práticas encontram-se descritas e comparadas em meu livro Mediação e solução de conflitos: teoria e prática. Com elas, evitam-se as dificuldades naturais da Justiça convencional: ganha-se tempo precioso, reduzem-se os custos e garantem-se aos participantes maior autonomia e segurança na elaboração dos acordos.
OSMIR FIORELLI
José Osmir Fiorelli é graduado em Engenharia pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em Psicologia pela Universidade de Tuiuti do Paraná (UTP) e pós-graduado em Administração pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e em outras universidades, lecionou disciplinas relacionadas à Administração e à Psicologia Organizacional. Atua como palestrante e facilitador em workshops. É coautor de Mediação e solução de conflitos, Psicologia jurídica e Assédio moral: uma visão multidisciplinar, todos publicados pelo GEN | Atlas.
Fonte: Gennegociosegestao.com.br/
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