sábado, 22 de julho de 2017

Para o bem — ou para o mal?

Foi-se o tempo em que o empresário sonegador precisava do conluio de uma rede formada por comprador, funcionário da portaria, estoquista, vendedor, tesoureiro e, finalmente, contador, para comprar, receber, estocar e entregar mercadoria sem nota, com meia-nota ou com outros tipos de irregularidades.

Ele podia virar refém de um ou de vários integrantes dessa cadeia e, conforme a empresa crescia, dependia da cooperação e do silêncio de mais pessoas dessas áreas e de outras igualmente vitais para a sonegação. Houve casos de empresas que quebraram por causa da insatisfação de um desses elos — que tinha as provas na mão. 

O mesmo valia para situações em que se corrompia alguém. Muitos visualizavam com facilidade o que ocorria nos pontos-chave da empresa, o que multiplicava os riscos. Em grandes organizações, dezenas e dezenas poderiam ter conhecimento do que se passava. 

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por Eliseu Martins é professor emérito da FEA-USP e da FEA/RP-USP, consultor e parecerista na área contábil

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