O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), prévia da
inflação oficial do país, registrou em julho sua primeira deflação em quase sete anos. O índice caiu 0,18% no
período, após ter avançado 0,16% em junho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A
última taxa negativa havia sido registrada em agosto de 2010, quando a deflação foi de 0,05%. Considerando
toda a série, é o índice mais baixo desde setembro de 1998 (-0,44%).
A leitura do indicador ficou distante da média apurada pelo Valor Data com 23 consultorias e instituições
financeiras, de queda de 0,08% . O intervalo dessas estimativas ia de elevação de 0,06% a baixa de 0,15%. Para
o acumulado em 12 meses, os analistas haviam previsto em média elevação de 2,87%.
Com a resultado de julho, o IPCA-15 acumulado em 12 meses ficou abaixo do piso do sistema de metas de
inflação, de 3% neste ano - a meta é de 4,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
A referência para o cumprimento da meta é IPCA “cheio” do mês - a principal diferença entre os índices é o
período de coleta.
Dos nove grupos de despesas acompanhados pelo IBGE, Alimentação e bebidas (-0,55%) e Transportes
(-0,64%) aparecem novamente entre os principais motivos para a desaceleração da prévia da inflação oficial em
julho. Responsável por um quarto das despesas da família, o grupo dos alimentos retirou 0,14 ponto percentual
do IPCA-15. Já os transportes subtraíram 0,11 ponto percentual.
A queda nos alimentos, influenciada pela baixa de preços da batata-inglesa (-19,07%), do tomate (-8,48%) e das
frutas (-4%), foi ainda mais forte quando considerados os produtos comprados para consumo em casa, que
chegaram a ficar 0,95% mais baratos. Em Transportes, a queda de 0,64% foi influenciada pelos preços dos
combustíveis, que cederam 3,16%. O etanol teve baixa de 4,81%, enquanto o litro da gasolina passou a custar
2,98% a menos.
A redução dos preços dos combustíveis abre espaço para a elevação de impostos sobre esses produtos, que deve
ser anunciada hoje pelo governo. Ainda em Transportes, as passagens aéreas subiram 5,77%.
Dez das 11 regiões pesquisadas pelo IBGE registraram deflação em julho pelo IPCA-15. Do total, sete acumulam
em 12 meses inflação abaixo do piso do sistema de metas do governo, de 3% neste ano.
São Paulo teve a maior deflação entre os locais avaliados. A região metropolitana registrou queda de 0,29% nos
preços, variação influenciada pelo recuo dos preços dos combustíveis (-4,22%), com destaque para a gasolina
(-3,85%) e o etanol (-5,88%).
As outras regiões pesquisadas com deflação foram Salvador (-0,25%), Porto Alegre (-0,24%), Belém (-0,22%),
Recife (-0,18%), Brasília (-0,13%), Rio de Janeiro (-0,13%), Fortaleza (-0,08%), Goiânia (0,06%) e Belo
Horizonte (-0,05%).
Curitiba foi a única região de cobertura do índice que apresentou resultado positivo (0,01%), em razão do
reajuste nas tarifas de energia elétrica (3,38%), vigente desde 24 de junho deste ano.
Fonte: Valor
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