Quase todo empreendedor experiente, ao ser indagado por candidatos a empreendedor, não hesita em responder que o brilho nos olhos é o que faz a diferença e separa os que conseguem passar para o grupo dos bem-sucedidos dos que sucumbem após criarem suas empresas.
Isso foi constatado em uma série de estudos realizados por Utpal M. Dholakia, Michal Herzenstein, e Scott Sonenshein, como relatado em artigo recente da Harvard Business Review.
Em uma pesquisa realizada com centenas de fundadores de empresas, eles concluíram que a paixão não tem nada a ver com os resultados de longo prazo do negócio.
O que importa, objetivamente, é a preparação, ou seja, se os fundadores sentem-se totalmente certos do que farão, se conhecem profundamente o mercado-alvo, e se criaram planos para superar obstáculos e explorar as contingências.
No estudo, os pesquisadores analisaram vários projetos inscritos no maior concurso de empreendedorismo universitário nos Estados Unidos (realizada na Universidade Rice), em áreas que vão desde a biotecnologia e ciências da vida a produtos de consumo e varejo.
No início, os empreendedores citaram a paixão como um fator essencial para o sucesso, mas os pesquisadores identificaram que, após três anos, o que realmente contou para o sucesso dos negócios analisados foi o preparo da equipe empreendedora.
Mas outro estudo com novamente centenas de projetos identificou que os empreendedores mais apaixonados pela ideia tiveram 3 vezes mais chance de conseguir investimento em um site de angariação de recursos ou investimento anjo.
O que parece é que a paixão, de fato, ajuda o projeto decolar, mas o preparo é essencial para atingir o voo de cruzeiro e, ainda, conseguir uma autonomia que permite a empresa prosperar por anos.
Naturalmente, não se está sugerindo aos empreendedores de primeira viagem que esqueçam a paixão, tão aclamada pelos que empreendem como símbolo do segredo do sucesso, mas que a ênfase excessiva na paixão pode cegar o empreendedor e deixá-lo sem amparo para crescer.
Cabe ainda ao empreendedor iniciante buscar o equilíbrio, que será único para cada indivíduo, e montar uma equipe com perfis complementares para dar sustentação ao projeto de empresa que pretende criar.
Assim, ele/ela poderá contagiar a todos com sua visão de crescimento, sua paixão pelo que está sendo construído, e estimular, com sua liderança, cada integrante da equipe a obter o máximo de resultados a partir do conhecimento que possuem.
por José Dornelas - Empreendedor, palestrante e autor de livros best-seller.
Fonte: José Dornelas
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