Tão importante quanto um pênalti ao final de uma partida de futebol, as questões trabalhistas e suas flexibilidades em ano de Copa do Mundo são um dos maiores desafios que as empresas têm de enfrentar de quatro em quatro anos. O 'país do futebol', que teoricamente 'só começa a trabalhar depois do Carnaval', recebe este ano o tão grandioso evento, que, por boa ou má ventura, sempre coincide com o ano eleitoral. Muita gente não se dá conta, mas são acontecimentos que afetam fortemente as questões trabalhistas e, por isso, as empresas devem estar preparadas para enfrentá-las de peito aberto e com estratégia bem definida.
É certo que as companhias já têm procedimentos padronizados, como a folga no Carnaval e a dispensa nas eleições, mas a Copa do Mundo aqui refletirá em questões trabalhistas inéditas. Muitos empregados pedirão que sejam dispensados, ou que haja um intervalo no trabalho ou que a empresa ofereça condições para assistirem aos jogos.
Em 2014 também vamos conviver com outros fatores, como a alteração da mobilidade urbana, pois trens e ônibus terão linhas exclusivas para os estádios, e as manifestações populares que devem ocorrer, além da possibilidade de feriados nas cidades que vão receber as partidas. É imprescindível que as empresas criem ou adaptem um plano de contingências a esses possíveis fatores, para ser acionado, se necessário, mas que inclua aspectos operacionais, logísticos, disciplinares, de atendimento a clientes, de segurança no trabalho, etc.
Somente com estratégia e prevenção as companhias passarão por este período com o mínimo de impactos possíveis. Prevenção com um plano de contingências já preparado e adaptado para a Copa do Mundo. Estratégia, pois, além de ficarem atentos aos jogos do Brasil, os empresários devem pensar no emocional dos colaboradores: até onde o Brasil vai na competição?
Se for eliminado muito cedo, o que acontece? E se ganhar ou perder a final? Uma das finais possíveis é Brasil contra Argentina! E pensando mais à frente, com a seleção hexacampeã, como isso afetará nas eleições? E nas manifestações? E no dia a dia da empresa? Esse é o desafio do ano. E, para superá-lo, é preciso organizar o calendário das empresas para evitar a baixa produtividade dos colaboradores, seja por aspectos futebolísticos ou emocionais. Só assim, as empresas vão superar o agitado ano de 2014.
Heli Gonçalves Moreira é sócio diretor da HGM Consultores, especialista em relações trabalhistas
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