Empreendedores transformam o modo como trabalhamos e vivemos. Basta lembrar de casos como Twitter, Facebook e Google. Conhecidas em todo o mundo, essas empresas não são mais que exemplos extremos de um fenômeno importante que gera riqueza pessoal e social. Essas companhias representam o que é chamado de “empreendedorismo de alto impacto”.
Quem são os empreendedores de alto impacto? São pessoas que criam e desenvolvem organizações que têm uma influência acima da média na criação de empregos e riqueza. Montam as empresas de alto impacto, que crescem 20% ao ano no que diz respeito à oferta de empregos, aumentando, dessa forma, o padrão de vida geral em um país. Portanto, a pergunta-chave para aqueles que são responsáveis pelas políticas públicas é: como criar mais empreendedores de alto impacto, ou empreendedores inovadores?
Em 1999, o Babson College e a London Business School lançaram o relatório Global Entrepreneurship Monitor (GEM) para ajudar a responder a exatamente essa pergunta. Ao longo dos últimos 17 anos, o GEM pesquisou centenas de milhares de adultos selecionados aleatoriamente em mais de 60 países. O que a pesquisa descobriu é que o nível de empreendedorismo varia nos diferentes países e os empreendedores de alto impacto são realmente uma espécie rara.
Diversos fatores influenciam a taxa de empreendedorismo em um país, incluindo educação, cultura, governo e infraestrutura, para citar alguns. O mais importante nesse caso, porém, é responder a uma questão: qual é o motor que impulsiona o empreendedorismo de alto impacto?
Os empreendedores de alto impacto têm maior tendência a possuir formação de nível superior e pós-graduação quando comparados a empreendedores de empresas de crescimento mais lento. Portanto, educação parece ser um facilitador realmente importante na formação de um empreendedor de alto impacto. Mas, além disso, eles seguem um processo diferenciado
Após décadas de pesquisas, os especialistas do Babson College descobriram que empreendedores de alto impacto seguem um processo, e ele pode ser ensinado. A premissa básica é simples: empreendedores de sucesso “pensam” e “atuam”. Não fazem apenas uma dessas duas coisas. É o que chamamos no Babson de “Pensamento e Ação Empreendedores” (Entrepreneurial Thought and Action, ou ETA, na sigla em inglês).
Detalhei o processo do empreendedorismo e criei a abordagem dos “testes de mercado ascendentes”, com quatro passos:
1. Planejamento. Todos os empreendedores começam com uma ideia que acreditam ser uma grande oportunidade. Empreendedores inteligentes reconhecem que, embora a pesquisa secundária ajude a validar a oportunidade, ela não é suficiente. Portanto, eles identificam hipóteses e perguntas que precisam ser respondidas e tentam responder a essas perguntas do modo menos custoso possível.
2. Experimentação. Uma vez que você tenha uma hipótese, precisa testá-la em um subgrupo do mercado, talvez em um ou dois clientes-chave. Nessa experiência você observa e colhe o máximo possível de dados com relação a como seu cliente reage a sua oferta.
3. Aprendizado. Com base na experiência, você aprende sobre sua oportunidade. Examine o que você esperava que acontecesse antes da experiência, contrapondo àquilo que realmente aconteceu. Você consegue explicar a diferença?
4. Reformulação. Use os aprendizados e reformule seu negócio para que ele atenda melhor às necessidades de seus clientes.
O CASO STACY MADISON
Empreendedores inteligentes passam por múltiplos testes de mercado ascendentes, cada um acrescentando algo ao resultado dos anteriores. A história de Stacy Madison, dos Estados Unidos, e sua Pita Chip Company nos mostra isso.
Stacy sempre quis ter um restaurante especializado em sanduíches de pão sírio, mas abrir um sairia muito caro. Então, ela resolveu testar o conceito de um modo mais acessível: alugou um carrinho de vender comida e começou a servir sanduíches em um centro comercial ao ar livre em Boston, Massachussets.
Os sanduíches foram um sucesso. Mas Stacy notou que as pessoas não gostavam de esperar muito tempo na fila para comprar sua comida. Em um esforço de mantê-las esperando, Stacy pegou pães sírios do dia anterior e os assou no forno com tempero, quebrando-os em pequenos pedaços, que então serviu aos clientes na fila de espera. O que ela aprendeu é que, embora seus sanduíches fossem bons, o que as pessoas realmente adoravam eram os aperitivos. Com isso, surgiram as Stacy’s Pita Chips, salgadinhos de pão sírio.
Por meio de vários outros “testes de mercado ascendentes”, Stacy conseguiu a distribuição em supermercados do país e alavancou sua marca para mais de US$ 60 milhões em vendas anuais até vender sua empresa para a Frito-Lay.
Stacy, hoje investidora e sócia da Fireman Capital Partners, é uma empreendedora de alto impacto e seguiu um processo para fazer sua ideia crescer e se transformar em uma empresa que emprega mais de cem pessoas.
por Andrew Zacharakis é professor do Babson College, de Wellesley, Massachusetts, Estados Unidos, um dos “templos” do fomento do empreendedorismo mundial.
Essa matéria foi publicada originalmente na Edição 92 da revista HSM Management e atualizado em julho de 2016.
Fonte: Revista HSM
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