Neste artigo, analisou-se 17 pesquisas experimentais publicadas em periódicos brasileiros de contabilidade entre 2006 e 2015, com o intuito de desenvolver uma crítica tanto metodológica quanto epistemológica desses artigos. Primeiramente discuto as características metodológicas dos experimentos e as principais ameaças de validade que enfrentam, analisando como os artigos selecionados lidam com tais ameaças. De modo geral, esta análise evidencia uma falta de consideração sobre a validade dos construtos utilizados, uma dificuldade em se desenvolver experimentos internamente válidos e uma incapacidade de expressar confiança na aplicabilidade dos resultados a contextos que não os experimentais. Em segundo momento, comparo a perspectiva teórica positivista comum a esses artigos com concepções construcionistas das ciências sociais e os critico, tendo por base tais noções. Sustento que esses artigos são caracterizados por uma abordagem behaviorista, uma noção reificada de subjetividade, desconsideração às especificidades culturais e históricas e comprometimento axiológico com a submissão, em vez da emancipação das pessoas em relação ao controle gerencial. O artigo pretende contribuir com a literatura contábil nacional de duas maneiras: alertando sobre os desafios enfrentados na condução de desenhos experimentais adequados e mostrando como as pesquisas contábeis experimentais podem ser problemáticas sob um ponto de vista epistemológico, visando promover um debate interparadigmático que desperte uma maior consciência sobre o assunto e mais robusta consideração de tais aspectos por parte de futuros pesquisadores.
Paulo Frederico Homero Junior
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