O contexto educacional hodierno nos traz a obrigação de repensarmos, de forma profunda e abrangente, todo o ambiente em que estão inseridos os agentes formadores em todo o País. Nesta realidade está incluída a formação dos futuros contadores e contadoras, que, muito em breve, estarão galgando suas colocações no mercado de trabalho.
A contabilidade e o seu ensino, dada sua natureza social, sempre impôs aos seus professores uma necessidade constante de atualização, não apenas do conhecimento específico, mas também dos instrumentos que se dispõem para a elucidação e transferência de informações.
Traçando uma linha evolucionária do ensino contábil brasileiro, facilmente se identificam diversos elementos ilustrativos desta condição. No começo de sua instrução, na formação dos Guarda-Livros, seguia-se as normas do Império e o seu foco estava centrado nas atribuições das casas comerciais e na necessidade do controle do erário. Pouco se evoluía além dos pesos e medidas, câmbios, estoques e tributação.
Raras eram as publicações, exceto algumas legais, como o Código Comercial de 1850 e a Lei nº 1.083, de agosto de 1860, que apresenta as primeiras regulações às Companhias e Sociedades Anônimas.
Entre o final do século XIX e o começo do século XX, emergem, em todo o Brasil, as Escolas Comerciais. Neste período, surgem os primeiros livros didáticos da Contabilidade, como, por exemplo, a obra Compendio de Escripturação Mercantil por Partidas Dobradas para uso das Escolas e dos Aspirantes a Guarda-Livros, de Joaquim Xavier Carneiro, publicada em Porto Alegre no ano de 1894.
Ainda nas primeiras décadas do século XX, várias são as alterações promovidas na Contabilidade e seu ensino. Publicações internacionais e nacionais, inclusive periódicos, passam a ser acessíveis, ainda que com certas dificuldades. A partir de 1945, com a clara definição das formações cabíveis aos profissionais contábeis, um bom número de obras nacionais, editadas por profissionais que atuavam no mercado, na academia e em associações de classe, passa a fazer parte do cotidiano.
Considerando a Lei nº 6.404 de 1976, associada à evolução tecnológica iniciada na década de 1980, emerge um cenário até então não experimentado no ensino da Contabilidade: a disseminação da informação por um acesso mais facilitado e, principalmente, a necessidade de capacitar o futuro profissional à tecnologia digital. No estágio atual, a preocupação no ensino da Contabilidade não está mais na falta de informação ou nas limitações de acesso às tecnologias, mas, sim, com a qualidade da informação e suas fontes e, principal mente, na concorrência que a tecnologia impõe no desenvolvimento do ambiente educacional.
Inegavelmente, a tecnologia e a informação devem ser aliadas dos discentes e docentes. Mas como tratar os conflitos que podem surgir neste ambiente dinâmico? Qual deve ser a conduta frente a esta realidade?
Para discutir esta realidade no âmbito do ensino contábil, o Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul, por meio da sua Comissão de Estudos de Acompanhamento da Área do Ensino Superior, promoverá no dia 09 de novembro na Faccat, em Taquara, o Encontro Estadual de Coordenadores e Professores dos Cursos de Ciências Contábeis.
No encontro, discutir-se-á o tema ¨Sou Professor, o que fazer? Realidades e tendências no ensino superior contábil”, abrindo espaços para uma necessária reflexão sobre a realidade do ensino da Ciência Contábil, pois, como visto brevemente, têm-se uma longa história de adaptação e consolidação, cabendo- -nos a sua continuidade.
por Marco Aurélio Gomes Barbosa - Integrante da Comissão de Estudos de Acompanhamento da Área do Ensino Superior do CRCRS
Fonte: Jornal do Comércio - RS
Via Fenacon
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