As dificuldades encontradas pelo Brasil dentro de campo na Copa do Mundo devem se repetir fora dele nos resultados das empresas abertas, que começam a ser divulgados hoje. O menor número de dias úteis por conta do Mundial tende a complicar ainda mais o desafio de driblar o cenário de atividade fraca e inflação pressionada. "Em momentos de economia menos combalida, o segundo trimestre é mais forte que o primeiro, mas neste ano isso não deve acontecer", afirma Karina Freitas, da corretora Concórdia.
A queda de 2,67% na cotação do dólar no trimestre deve trazer algum alívio, já que as dívidas em moeda estrangeira são corrigidas pela cotação da divisa americana e a diferença será contabilizada como receita financeira. O efeito tende a ser relevante na comparação anual, já que, entre abril e junho do ano passado, o dólar se valorizou 10% em relação ao real, com impacto negativo sobre o lucro.
Do lado operacional, no entanto, a expectativa é de resultados mais fracos. Mesmo as exportadoras, que vinham se destacando em relação às empresas mais voltadas ao mercado doméstico, tiveram um trimestre mais difícil. Analistas também apontam que iniciativas para gerar eficiência, via cortes de custos ou venda de ativos, também tendem a perder fôlego. "O movimento começou há mais de um ano e hoje há muito menos gordura para queimar", avalia Karina.
Nesse cenário, a lista dos setores que devem mostrar resultados fracos supera aqueles que devem ter passado por um bom trimestre. A expectativa positiva se concentra em setores com receitas indexadas à inflação, como o de energia elétrica e de empresas de educação. Para o restante da economia, as previsões mais positivas têm se focado muito mais na execução de estratégias que preservem valor em momentos mais delicados da economia do que numa tendência de recuperação geral.
É o caso do varejo têxtil. Entre analistas, é consenso que o setor será um dos mais prejudicados pela redução da atividade gerada pela Copa do Mundo. No entanto, a maior parte deles aposta em bons resultados da Renner, com crescimento de cerca de 6% a 8% nas vendas "mesmas lojas", abertas há mais de um ano, por conta da coleção acertada de inverno, além de ganhos de margens gerados por redução de custos. Na outra ponta, a expectativa é de queda para o indicador "mesmas lojas" de Hering e Lojas Marisa.
Por Natalia Viri e Renato Rostás
Via IBRACON
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