Se prestarmos um pouco de atenção, veremos que a contabilidade está sempre evoluindo. E, quando olhamos para trás, ficamos pasmados ao observar que, simultaneamente à evolução, muitas pedaladas foram cometidas. Por exemplo: o famoso e indispensável regime de competência aplicado à contabilidade empresarial existe há séculos, desde o início dessa ciência, uns mil anos atrás. Sua evolução é inconteste, mas muito se pedalou sem uma fiel obediência a seus preceitos.
Até a metade da década de 1980, praticamente nenhuma instituição registrava provisão por complementação de aposentadoria — e as empresas tinham uma obrigação dessa natureza antes de qualquer fundo de previdência (rememore-se: antes da criação dos fundos de pensão, as responsabilidades eram diretamente das patrocinadoras). Em resumo, todas “pedalavam contabilmente” seus resultados, deixando para registrar esses encargos apenas na ocasião dos desembolsos, quando não mais recebiam os serviços dos beneficiários ou até mesmo quando estes já tinham ido desta para melhor (espera-se). O regime de competência que esperasse sua vez.
por Eliseu Martins é professor emérito da FEA-USP e da FEA/RP-USP, consultor e parecerista na área contábil
Fonte: Capital Aberto
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