Tema diário dos noticiários, as fraudes não são uma exclusividade do ambiente governamental. Mas podem ter uma relação direta com a situação macroeconômica do país. É o que revela uma pesquisa feita pela ICTS Protiviti, empresa de consultoria, auditoria e serviços em gestão de riscos. Os dados, levantados a partir do depoimento de 92 fraudadores confessos, entre os anos de 2009 e 2014, vão ser apresentados hoje durante o webinar "O retrato da fraude corporativa no Brasil", que ocorre no site: http://tinyurl.com/nx43hwn . A inscrição é gratuita.
“O crescimento no PIB tem uma correlação inversa com casos investigados. Isso é uma informação que a gente comprova no Brasil. Quanto mais baixo o crescimento do país há mais casos fraude”, conta Maurício Reggio, sócio-diretor do ICTS.
Segundo o levantamento, o impacto financeiro de fraudes apresentou um aumento de sete vezes nos últimos quatro anos. Considerando o número de incidência de fraudes identificadas, houve 12 vezes mais casos entre 2010 e 2013. Em contrapartida, o crescimento do PIB do país teve queda entre 2010 e 2012.
“Há duas hipóteses para essa situação. Na primeira, uma vez que a economia não vai bem, a empresa passa a olhar com mais cuidado para dentro de casa e para suas finanças, o que torna o ambiente favorável para se detectar fraudes. Por outro lado, também há um maior estímulo por parte dos fraudadores. Existe uma maior pressão sobre o individuo. Isso é um fator que trabalha na cabeça dele, caso seja um fraudador de oportunidade”, explica Reggio.
A pesquisa ainda identifica qual o tipo de fraude é mais cometida no Brasil. A corrupção, em que a pessoa aceita ou faz pagamento de suborno, vem na frente com 60% dos casos. Em segundo lugar, aparece a apropriação indébita, na qual o indivíduo furta ou pratica desvio, com 32% das situações. Por último, com apenas 8% de incidência, é constatada a demonstração fraudulenta, em que os fraudadores manipulam resultados.
“Esse é um dado interesse quando confrontamos o que acontece nos Estados Unidos. Lá, a principal categoria é a apropriação indébita, com 89,8% dos casos, depois corrupção, com 21,9%, e demonstração fraudulenta, com apenas 4,3%*. “A gente procura fazer um paralelo sem ser taxativo. Mas a percepção é que a corrupção está no seio cultural do país, seja nas instituições governamentais, seja no ambiente corporativo. O setor privado vem corroborar com a dinâmica do Brasil”.
Perfil do fraudador
O perfil do fraudador também foi levantado pela pesquisa. O impacto financeiro da fraude causado pelos graduados é três vezes maior do que o gerado pelos sem graduação. O poder de decisão da pessoa dentro da companhia também influencia. O indivíduo que tem um cargo de nível estratégico causa 3,4 vezes mais prejuízo do que um de nível tático e sete vezes mais do que aquele de nível operacional. O tempo de empresa também pesa. “O sujeito tem que ganhar maior confiança para cometer uma fraude. São daqueles que estão há mais tempo trabalhando que se tem que desconfiar.”
No webinar, ainda serão apresentados meios de como identificar e prevenir fraudes dentro das empresas, além de como se fazer uma abordagem para a apuração dos casos. “Com a perspectiva de baixo de crescimento pela frente, há uma tendência de haver mais fraudes. Quando o fraudador percebe que a sua estratégia deu certo, o sentimento de segurança e a ganância aumentam e isso acaba aparecendo. O webinar tem o objetivo de fazer um alerta para essa situação, para que as organizações possam se prevenir e se preparar melhor. Os casos que demoram mais a serem detectados trazem um maior prejuízo”, explica Reggio.
*Os dados somam mais de 100%, pois alguns casos envolvem mais de uma categoria. Fonte: ACFE 2010 - Report to the Nations on Occupational Fraude and Abuse
por Diana Dantas
Fonte: Brasil Econômico
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