Implantado há 12 anos, o Programa de Educação Profissional Continuada (PEPC), do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), já se encontra plenamente consolidado entre os contadores que atuam em auditoria independente. Esse sucesso serve de espelho, agora, para o projeto de expansão do programa de modo a englobar, em uma etapa inicial, os contadores preparadores de demonstrações contábeis que atuam em empresas reguladas. O objetivo é alinhar o conhecimento dos preparadores ao dos auditores.
Zulmir Breda, vice-presidente de Desenvolvimento Profissional e Institucional do CFC, acredita que a ampliação terá a mesma boa aceitação registrada no início do programa para os auditores independentes. “A medida vem para valorizar a profissão e melhorar a qualidade dos serviços prestados”, diz.
Segundo ele, nem todas as grandes firmas conseguem disponibilizar treinamento adequado para atualizar os contadores de modo que possam acompanhar a evolução das normas e do mercado. O CFC estima que a educação continuada para preparadores será uma ferramenta para estimular as empresas a proporcionarem tempo e os recursos financeiros necessários para que esses profissionais façam os cursos. “Se o profissional entender dessa maneira, tenho certeza de que o programa vai dar tão certo para os contadores quanto tem dado para os auditores”, afirma Breda.
Para evoluir no planejamento do programa, o CFC vem investindo em medidas que ajudam a conhecer o universo dos contadores no Brasil. “Não sabemos exatamente quantos contadores trabalham nas empresas de grande porte. Temos estimativas, mas não um número real. Queremos criar um registro similar ao Cadastro Nacional de Auditores Independentes (Cnai)”, antecipa.
Em princípio, a ideia é iniciar os cursos de educação continuada para contadores das grandes firmas em janeiro de 2015. Para isso, o CFC deverá concluir o processo de aprovação do projeto e o levantamento para identificar o número de profissionais na área, de modo a ter subsídios que permitam definir a estrutura logística necessária para a implantação do programa em âmbito nacional.
Para a elaboração do cadastro dos contadores, estão sendo recolhidas informações junto aos órgãos reguladores do mercado, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Banco Central e a Superintendência de Seguros Privados (Susep).
Alinhamento global
O vice-presidente de Desenvolvimento Profissional e Institucional do CFC não tem dúvidas de que, sem atualização permanente e de qualidade, os profissionais da contabilidade não conseguirão se manter no mercado. “A exigência obrigatória de educação continuada é uma tendência mundial. O CFC não está inventando nada. Outros países adotam essa política com resultados positivos. Nossa ideia é, com o tempo, ampliar a educação continuada para todos os segmentos da profissão”, diz Breda.
Ele conta que um dos obstáculos que devem ser superados antes de se instituir a obrigatoriedade de participação no Programa de Educação Continuada para contadores é a ampliação da rede de cursos. “O CFC não pode exigir o cumprimento da educação continuada sem garantir a oferta de cursos credenciados em todos os Estados”, afirma.
Segundo ele, há uma rede, hoje, de cerca de 500 entidades credenciadas como capacitadoras em todo o Brasil, para atender apenas aos auditores independentes. Esse universo deverá ser mais do que duplicado para fazer frente à ampliação do público alvo do Programa de Educação Continuada.
“Precisamos ter uma infraestrutura logística preparada e eventos credenciados em todo o Brasil para dar conta da nova demanda”, acrescenta Zulmir Breda.
“Evidentemente, faremos uma ampla campanha de divulgação na mídia desde o início, para alertar os profissionais sobre a exigência. Os órgãos reguladores já estão apoiando essa ideia e também vão ajudar a divulgar”, diz.
A discussão para a implantação da norma se dá, neste momento, na Câmara de Desenvolvimento Profissional. A implantação dependerá de aprovação do projeto final pelo plenário do CFC. Breda explica que todas as normas brasileiras de contabilidade e auditoria devem passar por audiência pública por um período de 30 dias, para receber sugestões dos profissionais da classe, o que deve acontecer neste segundo semestre, para que a norma passe a valer já no começo do ano que vem.
“Nosso compromisso com a defesa da sociedade depende de uma boa prestação de serviços. Para isso, precisamos garantir que o profissional se mantenha permanentemente atualizado. Essa é a finalidade do Programa de Educação Profissional Continuada. E, a médio e longo prazos, esperamos poder estendê-lo a todos os profissionais de contabilidade, independente do segmento de atuação”, assegura Breda.
E ele garante: tudo se dará de forma tranquila, sem atropelos e com amplos esclarecimentos, para que cada profissional tenha condições de planejar sua participação.
Fonte: Revista Transparência do Ibracon - Edição nº 15
Via Ibracon
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