A ausência de lógica, no tratamento científico, de material contábil, adotada pelos autores da escola que se tem denominado de anglo-saxã ou norte-americana, prejudica todo esforço que tem a mesma feito para conseguir erguer uma Teoria da Contabilidade. Sem lógica não se constrói ciência alguma.
Em estudo que publiquei anteriormente, sob o título “Teoria do conhecimento contábil: o pragmatismo norte-americano.” desenvolvi meus argumentos baseando-me, particularmente, nos pesquisadores e filósofos pragmáticos, a partir dos quais construí a tese de que a epistemologia contábil pragmática, sob a ótica da teoria de contabilidade, é frágil em seus argumentos; há algumas lacunas intransponíveis entre a proposta teórica de
McDonald e a realidade contábil (atividades contábeis), sobretudo, do ponto de vista lógico.
O autor tenta uma adequação ou conformação de sua teoria aos princípios de contabilidade, porém, de forma questionável, tendo em vista a logicidade adotada e a dubiedade na aplicação de alguns conceitos. A utilização de conceitos como descrição (“teoria descritiva”), face aos objetivos pretendidos (predições), é confundida com prescrição (“teoria normativa”); as teorias, uma vez elaboradas, a partir das generalizações, passariam a formar um corpo normativo (princípios de contabilidade) que deveria ser observado pelo contador no desenvolvimento de suas rotinas contábeis; e as predições, deduzidas das teorias, seriam sempre validadas por meio da observação das atividades contábeis, o que seria, segundo imagino, difícil de alcançar, senão impossível. Não há como predizer normas para a aplicação nas atividades contábeis sem que haja, a priori, o fato que a faça surgir enquanto norma.
Em verdade, o autor não faz referência a essas predições como sendo normas, mas não é difícil concluir nesse sentido na medida em que ele mesmo associa os princípios de contabilidade exarados pelo AICPA às teorias (“seguem-se vários exemplos de generalizações que se adequam nessa abordagem. O primeiro se relaciona ao chamado conservadorismo”)
E, finalmente, aquilo que é validado por meio da comparação entre predições e observações das atividades contábeis sofre a ação contínua dos fenômenos do mundo-real, podendo torná-la (a validade) inócua e, por conseqüência, deixam inoperantes os princípios advindos do modelo teórico.
Se na teoria de contabilidade a preocupação se concentra em aspectos, presumivelmente, descritivos, cujos objetivos são estabelecer predições comparadas, aqui neste trabalho o estudo será sobre a teoria para contabilidade, compreendida por McDonald como sendo caracterizada pelos seus aspectos normativos. Senão vejamos.
por Valério Nepomuceno - Escritor, ensaísta, pesquisador e professor do UNIPAM.
Fonte: Researchgate.net/
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