sábado, 3 de setembro de 2016

É possível prever e evitar a falência empresarial?

Nestes tempos de crise econômica, é imprescindível que os gestores monitorem suas empresas, já que a queda acentuada de vendas geralmente é acompanhada de crise aguda no fluxo de caixa.

Os problemas estão ligados a rentabilidade e à liquidez, que ocasionam a deficiência econômico financeira que, por sua vez, se não for detectada e corrigida a tempo, pode levar a sociedade a falência.

Daí a importância de uma análise dos indicadores financeiros, extraídos das demonstrações contábeis levantadas pela empresa e a comparação com períodos anteriores e aos padrões de mercado.

Dois são os caminhos principais que levam à crise financeira e são conhecidos nos meios empresariais por:

Overtrading – Negociações Excessivas; e

Undertrading – Negociações Insuficientes.

OVERTRADING

Considera-se uma empresa em situação de overtrading, ou caminhando para ela quando seu movimento geral de negócios vai suplantando proporcionalmente seu capital próprio (Patrimônio Líquido).

Figurativamente, e num dizer bem popular, é uma situação onde o empresário está tentando “dar um passo maior que as pernas” e, portanto, acima das reais possibilidades da empresa.

A falência da empresa se caracteriza pelo desequilíbrio econômico financeiro. Este desequilíbrio ocorre quando o capital de giro da empresa se revela insuficiente para bancar o seu nível de atividade.

Desta forma podemos afirmar que a empresa está em “overtrade” – ou a caminho – quando os proprietários fazem a companhia carregar um peso que excede suas reais possibilidades de força ou permitem que ela “afunde” a tal ponto que dificilmente a consiga trazer a tona novamente.

O overtrade é, portanto, o estágio anterior à recuperação judicial ou falência. Se a entrada em situação de overtrading não for percebida e interrompida logo, pela adoção das medidas cabíveis, a empresa entrará brevemente em crise financeira grave, levando-a a um regime falimentar.

Indícios de desequilíbrio econômico-financeiro podem ser verificados através do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício, notadamente quando se observa o comportamento histórico dos indicadores estudados.

UNDERTRADING

Quando uma empresa tem um volume de vendas inferior ao que sua estrutura permite, encontra-se em situação de “undertrading”, isto é, com lucros menores do que poderia obter se utilizasse toda a sua capacidade e, portanto, com a rentabilidade sobre o capital, inferior do que a que lhe é possível obter.

Como se percebe, “Undertrading” é uma situação inversa a do “Overtrading”.

As causas podem ser tanto um superdimensionamento da capacidade produtiva devido, principalmente, a uma falsa estimativa de mercado, ou a uma recessão deste, ou, ainda, ao acirramento da concorrência, dentre outros. As consequências, por outro lado, são similares às do overtrading.

Conforme verificamos nas definições, os fatores mais importantes para a análise do over/undertrading são: o capital; as vendas; a rentabilidade sobre as vendas; os custos de capital e os prazos de pagamento e recebimento.

Para cada caso particular existem diversas soluções e aspectos a serem analisados de acordo com o problema específico, esteja atento para detectar e corrigir rapidamente estas situações que podem por fim a boas empresas e grandes negócios.

por Reinaldo Luiz Lunelli é contabilista, especialista em planejamento e gestão de negócios, auditor, consultor de empresas; professor universitário, autor de diversos livros e artigos de matéria contábil e tributária.

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