Resumo
O patrimônio é como se fosse um organismo, todo dinâmico, que possui um fluxo circulatório, cuja velocidade transmite solvência, resultados positivos e equilíbrio para o ente aziendal. Portanto, a velocidade de renovação dos elementos da massa circulante é uma condição essencial para que exista a sobrevivência da célula social. Muito interessa à contabilidade, estudar a vitalidade do capital das empresas, estado que só é produzido pela dinâmica dos meios patrimoniais, onde podemos destacar a agilidade de renovação dos elementos circulantes, que chamamos de capital de giro. A relação que existe entre a vitalidade de uma célula social e a capacidade de renovação dos seus elementos circulantes é tão grande que se pode definir a sobrevivência e prosperidade da célula social pela eficácia do seu capital de giro. A ciência contábil pode através de método e tecnologia, perquirir a qualidade do capital de giro, definindo modelos de comportamento e orientação para as decisões dos gestores, de forma que este fenômeno circulatório dinâmico, possa transmitir a vitalidade e prosperidade para o organismo patrimonial aziendal.
Palavras-chaves: Capital de funcionamento – giro – sobrevivência aziendal.
1 - INTRODUÇÃO
A biologia ciência que estuda a vida prega que um organismo é formado por células, e tal concepção pode ser assumida nas ciências sociais, que pregam que o organismo econômico também é formado por células, que chamamos de Aziendas.
As aziendas são organizações aonde o homem mantém a sua atividade para a satisfação de suas necessidades, elas são constituídas por diversos elementos e também podem ser chamadas de empreendimentos ou células sociais.
A existência de uma sociedade se comprova pelo conjunto de diversas aziendas, instituição da qual o ser humano não pode prescindir, pois, uma azienda não só satisfaz as necessidades humanas como também, lhe garante; bem-estar, evolução e progresso. Nunca existirá ser humano sem célula social e nunca existirá célula social sem o ser humano, tal é a concepção de um dos grandes nomes da Contabilidade; Fabio Besta (Apud-Frederico Herrmann Júnior,1972):
“Nenhuma pessoa pode viver e aperfeiçoar-se, nenhuma sociedade pode tender ao fim que explica a sua razão de ser, sem que se processe uma série mais ou menos grande de fenômenos... sem que criem, modifiquem e extingam relações de natureza variadíssima... entre os componentes da união, ou entre esses e o sodalício...”
Condição fundamental, portanto, para evolução humana é a existência de aziendas prosperas que produzem um incessante movimento.
Contudo, dentro de cada azienda existe uma riqueza e tal riqueza é responsável pelo número de fenômenos a quem Besta, anteriormente havia referido. A riqueza que existe dentro das aziendas é o verdadeiro objeto da contabilidade.
Como a aziendas é a condição fundamental para a evolução de uma economia, como que de uma nação, por ser esta a parcela de uma sociedade, como poderíamos então, promover a sua existência e evolução, qual seria o caminho de estudos que poderiam ser traçados pela nossa gnose para o alcance da vitalidade aziendal? Inequivocadamente seria as observações sobre os aspectos dinâmicos da riqueza contida nesta mesma partícula da sociedade.
Condição essencial para a sobrevivência aziendal é o produto dos fenômenos da riqueza, principalmente aqueles que condizem, com o processo circulatório e dinâmico dos bens, que chamamos capital de giro, a quem daremos considerações especiais neste artigo.
2 - O CAPITAL DE FUNCIONAMENTO
Quando o sistema feudalista dava espaço ao sistema capitalista, o uso da riqueza passou a ter finalidades especificas e este foi o tema de estudos de diversos pensadores de vários ramos do saber.
Na França em meados do século XIX, o cientista Coffy (1840) pregava sobre o capital de funcionamento das aziendas (ou das enterprises, como era a significação de azienda na língua francesa), de maneira interessante e sublime (Apud – Pfaltzgraf 1956), já ressaltando as suas partes e as suas modificações que teriam várias causas: “Sendo dado um capital composto de maneira conhecida e destinado a ser sucessivamente empregado, em totalidade ou por partes, em diversos ramos, e a sofrer modificações na sua grandeza e na sua natureza por várias causas...”.
Quase na mesma época, Karl Marx (1818-1883), um dos grandes pensadores da sociologia, pregava também sobre o capital, embora o fosse, de maneira diferente, de forma critica e contraria ao pensamento econômico da época, que era o capitalista (sistema econômico que este autor era totalmente contra), embora, nunca em suas abordagens, este autor prescindiu sobre o estado de “funcionamento” do capital, ou seja, o devir do capital que provocava transformações constantes.
Nesta época marcada por um ritmo intelectivo, os conceitos em torno da riqueza lucrativa ou capital estavam se formando quer na Academia de ciências da França (aonde Coffy era membro convicto e titular), e em faculdades importantes da Itália, Espanha, Alemanha e outros países da Europa (no século XIX poucas eram as faculdades no Brasil que tratavam sobre o capital ou a riqueza lucrativa, no inicio do século XX a escola de comercio Álvares penteado de São Paulo seria um ícone pioneiro, para o advento das letras contábeis, de cunho superior em nosso país).
A riqueza, ou agregado de bens organizados, com um escopo comum, em face de utilização e constante transformação, chama-se capital de funcionamento.
Entende-se por capital toda a riqueza com intuito de acréscimo, isto é, com o fito lucrativo. Tal concepção é utilizada em larga forma nas aziendas lucrativas, ou seja, nas empresas (existe uma diferença básica entre o capital e patrimônio, pois, este conceito é mais utilizado nas aziendas idealísticas, embora, o conceito de capital e patrimônio quase sempre seja utilizado em um sentido comum).
Como o capital está em plena atividade funcional e presta constante utilidade para a satisfação das necessidades especificas e humanas, entende-se que ele está em funcionamento, por isto, a expressão “capital de funcionamento”.
O capital de funcionamento como montante, como conjunto de bens, como complexo de riquezas, possui a vontade ou aspiração de gerar resultados para a azienda de maneira que ela sobreviva e alcance a prosperidade.
Para que o capital de funcionamento é desenvolva e gere vitalidade, a célula social depende de diversos fatores, alguns ambientais, outros dinâmicos, e entre os aspectos dinâmicos, estão aqueles relacionados com a circulação e renovação dos elementos.
A eficácia do capital de funcionamento em muito depende do “fluxo” giratório dos seus elementos circulantes, em absoluta harmonia, de forma a garantir a satisfação das necessidades que conseqüentemente transmitirá a sobrevivência da célula social.
3 - A ESTRUTURA DO CAPITAL DE FUNCIONAMENTO
O capital de funcionamento possui uma estrutura, que se divide em grupos específicos com características próprias, de modo que todos os grupos com suas peculiaridades devem se concatenar em absoluta harmonia com o escopo de eficácia e prosperidade aziendal.
O cientista Vincenzo Masi (Apud-Sá 1997), nos primeiros decênios do século XX, dizia que o capital investido na azienda, formaria a substância da mesma, e que esta, por sua vez, seria originada dos financiamentos da contra-substancia do capital. A estrutura do capital de funcionamento proposta por Masi o pai do patrimonialismo, é a seguinte:
Nas origens do capital, temos as parcelas provenientes de terceiros, que financiaram recursos para diversos elementos da substância, temos também a origem genuína do capital, que aquele provindo dos recursos dos proprietários ou donos do empreendimento, chamada de capital próprio.
Nas aplicações do capital temos o capital fixo, cuja função é servir à célula social por vários períodos, pois, esta imobilizado, temos também o capital circulante cuja tendência comportamental é dinâmica, de renovação sucessiva, por diversas vezes no período.
Tanto o capital fixo como o capital próprio possuem o objetivo de servir à azienda por vários períodos, tendo, pois, que promover a movimentação da parte do capital que circula rapidamente, ou seja , o capital de terceiros e o capital circulante.
Ou seja, o imobilizado apesar de ter a natureza fixa e lenta quanto à dinâmica, tem a função de promover o capital circulante, permitindo assim o seu perfeito fluxo de circulação do capital. Como também o capital próprio que tem a função lenta na azienda deve por sua vez promover o seu capital de terceiros para o perfeito funcionamento do capital.
Os recursos investidos no capital que formam a substância a substância devem possuir influências dos componentes entre si (o capital fixo e circulante), assim como, os financiamentos do capital devem também possuir esta influencia mutua entre as suas partes componentes (Capital próprio e capital de terceiros).
As partes fixas do capital, Isto é, as partes que possuem lentidão de movimento (o capital fixo e capital próprio), devem, auxiliar as partes circulantes (o capital circulante e o capital de terceiros), para firmar assim uma “sustentação”.
Esta é, pois, a condição de equilíbrio, ou seja, as partes que giram lentamente, devem “sustentar” as partes cuja natureza é de constante circulação, para que esta mesma circulação, produza uma proporção adequada, para a eficácia do capital de funcionamento do organismo aziendal.
Então as partes fixas devem promover o movimento das partes circulantes de maneira que estas sejam eficazes e produzam o equilíbrio de toda a massa do capital de funcionamento.
A função de sustentabilidade é esta: que o capital próprio e o capital fixo, garantam a eficácia de circulação, de maneira que esta circulação seja constante a ponto de transmitir o equilíbrio do ente-patrimonial.
Portanto, as partes de giro lento ou moroso devem promover, as partes de giro rápido, e esta partes quando bem sustentadas estabelecem uma agilidade, cuja eficácia transmite equilíbrio na estrutura do capital de funcionamento, promovendo assim, sobrevivência, progresso e prosperidade aziendal.
4 - A MASSA CIRCULANTE
A massa circulante é a parte do capital cuja natureza é a de renovar-se sucessivamente, com absoluta freqüência no período. Tal grupo se constitui, do capital circulante (Ativo circulante) e capital de crédito (Passivo circulante). Considera-se também massa circulante, aquela que se renova a curto prazo, ou seja, em um período inferior ao anual. Seria então; o ativo disponível e realizável a curto prazo e o passivo exigível a curto prazo.
Todo o capital possui um movimento e uma velocidade, sendo que, esta velocidade é sujeita a diversas condicionantes. Por exemplo, a condicionante que interage com o imobilizado é a de permanência na azienda e nunca poderá ser igual à condicionante do elemento caixa. O caixa e o imobilizado possuem, natureza e finalidade diferentes, de acordo com a espécie aziendal.
O pensador Francesco Villa (1840), pai da contabilidade italiana, em sua obra “La contabilità applicata alle administrazione Private e Pubbliche”, ao classificar o capital, optou pelo aspecto financeiro, isto é, privilegiando em primeiro lugar os elementos da massa circulante em face dos fixos.
Portanto, o estudo da massa circulante, motivou estudos diversos, como também conceituações diversas e pouco discrepantes. Para Sá (2005), a natureza dos grupos da massa circulante, isto é, do capital circulante e capital de crédito seria:
“Por natureza, o circulante, como grupo do capital, é o que tende a transformar-se em dinheiro ou já é dinheiro em curto prazo (pelo menos dentro de um exercício). Disponíveis e realizáveis, portanto, formam o capital circulante... O capital de terceiros é aquele cedido à azienda por fornecedores, credores diversos, bancos etc.. a curto prazo...”
Temos também as concepções de Viana (1971): “... Os bens circulantes são consumidos em um só ato de produção... a função de cada um destes elementos dentro da empresa, é diversa...”.
Hilário Franco (1961), também abordou a temática das partes circulantes:
“... capitais aplicados em bens circulantes, destinados à movimentação... incluindo bens que podem ser convertidos em dinheiro, assim como créditos que podem ser recebidos; capitais aplicados em valores disponíveis, de livre circulação; capitais aplicados em valores transitórios, cuja destinação depende de acontecimentos incertos.”
Enfim, entende-se por massa circulante a parte do capital de funcionamento, cuja natureza é a de renovar-se mais rapidamente que os outros grupos, em um período de curto prazo no processo de atividade do organismo aziendal.
5 - O CAPITAL DE GIRO
Entende-se por capital de giro, o fenômeno patrimonial, que expressa a capacidade e durabilidade do processo de renovação dos elementos componentes da massa circulante (embora esta massa não seja a exclusiva no processo de giro, pois, tudo se movimenta no patrimônio). Também é chamado de Giro de Valores ou rotação do capital.
O giro é, pois, um fenômeno circulatório, integrante da dinâmica patrimonial, cuja eficácia transmite equilíbrio e prosperidade à célula social. De acordo, com Sá (1999), giro é um conjunto de circulação, ou seja, o giro representa a constante de um processo de circulação do capital em funcionamento.
Uma circulação é a transformação de um elemento patrimonial em outro elemento, por exemplo, o estoque ao ser vendido a vista, produzirá uma transformação, a do estoque em caixa, quando a circulação é continua e termina no próprio elemento que a criou, teremos um giro. Vejamos, então, um exemplo pertinente do giro de caixa:
CAIXA (em situação inicial) Þ ESTOQUES Þ Fenômeno de Vendas a prazo Þ CRÉDITOS A RECEBER Þ fenômenos de recebimento dos créditos Þ CAIXA = Primeira renovação do elemento ou primeiro Giro = G1
Ou seja, o processo circulatório ou o tempo, em que a primeira situação do caixa se renova novamente, chama-se giro de valores ou capital de giro. Quando o capital de giro é realmente ágil a sua tendência é a de gerar uma boa liquidez, uma boa resultabilidade, trazendo assim, equilíbrio ao capital de funcionamento e fazendo com que a célula social tenha vitalidade e eficácia constante.
As pesquisas empreendidas em torno do capital de giro e sua influencia no patrimônio, levaram Sá (1965) a dizer que uma das condições de equilíbrio da riqueza seria este próprio fenômeno circulatório (o capital de giro), ou seja, para o empreendimento sobreviver ele deve ter equilíbrio e para o alcance deste estado é necessário que o capital tenha uma velocidade de renovação pertinente ao tipo de atividade aziendal.
O capital de giro também transmite a característica de independência circulatória, ou seja, os elementos do ativo circulante quando ágeis no processo de renovação serão mantidos pelas dividas. Neste ponto de vista, Sá (2004) emitiu o seguinte teorema: “Quanto maior é a velocidade do capital circulante e tanto menor é a necessidade de capital próprio.”
Isto é, quando o capital de giro possui velocidade, a tendência é ser mantido pelo capital de terceiros sem prejuízo da proporção das origens dos capitais, não afetando assim, o equilíbrio da riqueza. É o caso das aziendas bancárias que mantém o seu capital de giro pelo capital de terceiros, sem o onerar a estrutura patrimonial de equilíbrio.
Em empresas que possuem um produto pouco volátil, ou seja, um produto que não possui tanto uso comum, como uma joalheria, por exemplo, o capital de giro será lento gerando assim uma necessidade do capital circulante ser mantido pelo capital próprio.
Quanto mais lento for o capital de giro mais ele dependerá do capital de seus proprietários, pois, ele não será sustentado pelo capital de terceiros.
6 - A ANALISE DO CAPITAL DE GIRO
Como o capital de giro, é um fenômeno da dinâmica, representante da constante circulatória, cuja eficácia transmite equilíbrio, independência de recursos e vitalidade à célula social, ele deverá ser explicado com coerência de maneira a se propor sugestões para a decisão dos gestores do capital.
Portanto, existe uma maneira de explicar os fenômenos de giro de maneira a comprovar a sua eficácia, ou propor a mesma, pela analise contábil.
A analise contábil é, pois, uma tecnologia da contabilidade, cuja finalidade é explicar os fenômenos patrimoniais, por meio de “razões” de proporcionalidades diferentes dos componentes do capital de funcionamento, para averiguar e promover o seu pertinente efeito, que produz a eficácia na célula social.
Os fenômenos que norteam o giro, devem ser analisados, considerando os seus aspectos próprios e específicos, relativos a cada tipo de empreendimento.
A formula proposta por Sá (1973), que modifiquei apenas as siglas é a seguinte:
A velocidade do giro (Qvg) é obtida, pela soma de uma situação estática inicial de uma elemento patrimonial(SIEP), acrescida dos fenômenos que promovem aumento de proporção(VAEP) ,menos a situação estática final do elemento patrimonial(SFEP), dividida pela média das duas situações estáticas.
Portanto, como o capital de giro possui uma velocidade, ele deverá, possuir também, um tempo especifico, que será calculado pela seguinte formula:
O tempo estudado(T), que é de escolha seletiva do analista (pode ser 360 dias, 6 meses, mensal semanal, etc), dividido pelo quociente de velocidade do giro (Qvg), concederá o tempo do giro (Tg), ou o prazo de renovação do elemento patrimonial especifico.
É preciso saber utilizar a formula com o raciocínio correto, ou seja, apropriando devidamente os valores nas suas siglas, também é preciso ter no mínimo duas situações patrimoniais, como também os valores dos fenômenos específicos que provocam aumento na primeira situação do elemento patrimonial (balanços patrimoniais de anos diferentes e uma demonstração do resultado do exercício é suficiente para esta analise, mas quanto mais anos forem estudados em comparação, melhor paras as conclusões de eficácia do capital de giro).
Como a massa circulante é o conjunto de capital circulante e capital de terceiros, os elementos principais para a analise do capital serão: o caixa, os créditos, estoques e dividas. Na tabela 2 mostrarei como se apropria os valores da formula de maneira a se aplicar a analise de capital de giro em qualquer tipo de elemento da massa circulante:
Desta forma o leitor poderá analisar o giro do capital em qualquer tipo de elemento da massa circulante, lembrando, que os resultados dos quocientes não devem ser passados aos gestores da riqueza, de maneira “fria”, ou seja, os resultados dos quocientes de velocidade e tempo do giro deverão ser explicados com coerência e relatividade, abrangendo as situações especificas que envolvem uma azienda.
Sabe-se que o giro é um fenômeno peculiar e depende de diversos fatores, como: o tipo de produto, atividade patrimonial, mercado, objetivo aziendal, etc. Tais fatores exigem que os resultados dos quocientes, de velocidade e tempo do giro, sejam tratados de uma maneira especial. Contudo, a eficácia do giro, de uma forma geral, se expressa da seguinte maneira (Veja Tabela 3):
Tabela 3: Interpretações para o resultado do quociente.
Quanto mais ágil for o capital circulante melhor para a azienda, pois, ela terá menos tempo para produzir liquidez, resultabilidade e equilíbrio para o empreendimento, em contrapartida a velocidade de renovação do capital de crédito (ou de terceiros), deverá ser maior que a do capital circulante, para que se tenha mais tempo na liquidação das dividas.
Em outras palavras, a velocidade de renovação dos elementos positivos da massa circulante (os estoques, créditos e caixa) deverá ser maior do que a velocidade de renovação dos elementos negativos da massa circulante (dividas), para que o tempo que se gere dinheiro seja inferior ao tempo que se exige o numerário para o pagamento das exigibilidades.
O capital de giro, quanto mais ágil for, menos tempo levará para se renovar e a recíproca também é verdadeira, ou seja, quanto menos tempo o elemento leva para se renovar maior será a sua velocidade.
7 - CAPITAL DE GIRO E SOBREVIVÊNCIA AZIENDAL
A riqueza contida na célula social possui um movimento que ocorre de forma sistemática, por isto, dissemos que a célula social possui um conjunto de sistemas que funcionam, de forma simultânea, hereditária, autônoma e interdependente.
Cada sistema para que possua eficácia, depende em muito, da vitalidade circulatória de seus elementos componentes.
Portanto, a influencia que o capital de giro, possue, com relação à eficácia dos sistemas de funções do patrimônio é de certa forma; inseparável e inequívoca.
Os sistemas básicos do capital de funcionamento são os descritos adiante:
· Liquidez = sistema que promove a capacidade de pagamento da azienda
· Resultabilidade = Sistema que promove geração de resultados positivos para o empreendimento.
· Estabilidade = Sistema que promove o equilíbrio do patrimônio
· Economicidade = Sistema que promove a vitalidade e sobrevivência do ente patrimonial.
O capital de giro possui, insofismavelmente, influencias nestes sistemas básicos do capital (o de liquidez, resultabilidade, estabilidade e economicidade), sem os quais a célula social não consegue existir (Para existir a azienda precisa, basicamente, pagar os seus compromissos em dia, gerar resultados positivos e ter equilíbrio na estrutura, do contraria ela perde a vitalidade e acaba se extinguindo).
O primeiro sistema que o capital de giro possui influencias é o de liquidez, inclusive, foi por este motivo que Sá (1965), aludir existir uma liquidez dinâmica do capital de funcionamento, tal liquidez seria aquela real, que possui total relação com os processos circulatórios e o capital de giro.
Se o capital circulante for ágil ele terá maior capacidade de gerar dinheiro em menos tempo que as exigências de pagamento. O resultado da eficácia do capital de giro é uma boa solvência da riqueza, definindo assim, a eficácia do movimento de liquidez.
Do mesmo modo que o capital de giro possui influencia na liquidez, ele produz influencias no sistema de resultabilidade. Quanto mais rápido for o giro dos estoques e dos créditos, maior será a receita, relativa às vendas e aos juros, então maior será a capacidade lucrativa do capital de funcionamento.Mais vale para uma empresa vender 100 peças a 10 reais do que vender 50 peças a 15 reais. Portanto, quanto maior a velocidade de circulação, melhor será a receita provinda desta mesma circulação (se venderá mais e se lucrará mais).
O capital de giro, quando eficaz, também provocará equilíbrio do capital, ou seja, a velocidade com que a riqueza opera ou com que os elementos da massa circulante se renovam transmitira equilíbrio na proporção, transferindo estabilidade para o capital.
Quando existe na azienda investimentos (aplicações de recursos) ou financiamentos (origens de recursos), esdrúxulos, ela não terá agilidade do capital, e a eficácia do giro, por certas vezes (em empreendimentos realmente “doentes”) será uma quimera. Quando esta quimera vira realidade a empresa terá um equilíbrio estrutural e será realmente prospera.
A eficácia do giro trará conseqüências positivas para a liquidez, resultabilidade e estabilidade, definindo assim a solvência, lucratividade e equilíbrio do capital, trazendo conseqüentemente sobrevivência para o ente aziendal.
E quando os sistemas de liquidez, resultabilidade e economicidade, são eficazes a economicidade do capital também será eficaz, e a célula social que chamamos de azienda irá sobreviver e progredir gerando rendas, crescimento econômico e benefícios sociais, principalmente ao seu sujeito criador: o ser humano.
8 - CONCLUSÃO
O capital de giro é um fenômeno da dinâmica patrimonial, representante do conjunto de circulações, que geram transformações importantes e contundentes para a eficácia da riqueza em funcionamento, que conseqüentemente trará vitalidade para a célula social ou sujeito aziendal.
Como fenômeno do patrimônio, o objeto de estudos da contabilidade, o giro, deverá ser explicado, pela tecnologia da analise, que buscará as razões integrantes desse mesmo fenômeno, sem menosprezar as condições peculiares relativas ao tipo de empreendimento, sempre com o intuito de averiguar a eficácia do seu funcionamento, no constante devir aziendal.
Cabe a nós contadores, produzir as orientações sobre este importante fenômenos circulatórios, ressaltando as suas propriedades, influencias e peculiaridades, pois, a eficácia do capital de giro transmitirá solvência, lucratividade, equilíbrio e vitalidade ao capital de funcionamento, trazendo também assim, prosperidade à célula social que trará influencias positivas para a sociedade aonde está inserida, como também para o homem, a razão de sua existência.
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por Prof. Rodrigo Antonio Chaves da Silva
Fonte: Acionista.com.br
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