sexta-feira, 17 de outubro de 2014

17/10 Indicadores confirmam tendência de fraco ritmo da economia neste ano

Indicadores econômicos divulgados ontem confirmaram a tendência do fraco crescimento ou até estagnação da economia no acumulado deste ano. Mesmo com aumentos entre julho e agosto, as taxas não foram suficientes para melhorar as expectativas.

Especialistas entrevistados pelo DCI apontam que apesar deste cenário não há muito o que se fazer nos próximos meses para evitar uma expansão por volta de 0%. Isto é, uma estagnação. Ou que essa situação deve gerar uma pressão maior do que já existe por um debate eleitoral mais profundo na questão do Produto Interno Bruto (PIB) entre os candidatos à presidência Aécio Neves (PSDB) e a atual presidente Dilma Rousseff (PT).

"Agora, o ideal seria uma sinalização de quais as medidas a serem tomadas para resolver os desequilíbrios econômicos. Há um grande grau de incerteza sobre a política econômica de Dilma, que praticamente demitiu seu ministro da Fazenda, Guido Mantega, mas ainda no cargo. Já com relação a Aécio, já se sabe mais ou menos como vai ser, porque anunciou seu ministro, o Armínio Fraga", analisa Luiz Rabi, economista da Serasa Experian.

Resultados

Ontem, o Banco Central (BC) divulgou seu indicador de atividade econômica, o IBC-Br, referente a agosto deste ano. Na comparação com o mês anterior, houve um aumento de 0,27%, na série dessazonalizada. A segunda elevação mensal consecutiva no índice. Contudo, esse resultado revela uma desaceleração do PIB já que em julho ante junho, a alta foi de 1,52%.

Com relação ao registrado no mesmo mês do ano passado, o IBC-Br de agosto recuou 0,15%. De modo que no acumulado de 2014 até o oitavo mês houve uma ligeira expansão de 0,04%. Em 12 meses, cresceu 0,93%.

Da mesma forma, o Indicador Serasa Experian de Atividade Econômica (PIB Mensal) de agosto de 2014 subiu 0,2% na comparação com julho e apresentou queda de 0,6% ante agosto de 2013.

No acumulado do ano mostrou avanço de 0,3% e, em 12 meses, acréscimo de 0,9%.

"Não há muito por onde fugir, o que esses resultados mostram é que o atual modelo econômico [focado no consumo doméstico] está esgotado", entende Rabi.

Já o PIB mensal Itaú Unibanco (PIBIU), também divulgado ontem, apesar de ter apresentado as mesmas variações, os valores foram diferentes. Na comparação com julho, a alta foi de 1%, sendo que ante agosto de 2013, o indicador recuou 1,6%. Mesmo assim, no acumulado em 12 meses, o PIBIU aponta alta de 0,9%.

"Avaliamos que uma recuperação era esperada considerando-se que a redução ocorrida em junho foi temporária, devido à redução dos dias úteis relacionada à Copa do Mundo. Para o próximo mês, avaliamos que a atividade econômica apresente um aumento moderado, o que está em linha com nossa avaliação de estagnação ou baixo crescimento do PIB no terceiro trimestre", afirmou o economista do Itaú, Rodrigo Miyamoto, em nota.

Para o economista Fábio Silveira, sócio do GO Associados, uma das principais medidas que visam equilibrar a economia, e estimular as exportações, já está sendo feita que é permitir que a taxa de câmbio oscile acima de R$ 2,35 por dólar, o qual observa ser um patamar ideal.

"O baixo crescimento que traz um desconforto para atual governante sinaliza que independentemente de quem for eleito terá que fazer algo, pelo menos, não atrapalhar as vendas externas", disse.

Setores

Conforme a Serasa, pelo lado da oferta agregada, a indústria subindo 1,2% puxou para cima o resultado da atividade econômica em agosto. O mesmo fez o setor de serviços, porém em menor escala, com avanço de 0,1%.

Contudo, a agropecuária recuou 0,9%. "Mas isso se deve a estiagem no País, não é uma questão de falta de produtividade", afirma Rabi.

Do ponto de vista da demanda agregada, os investimentos cresceram 1,8% em agosto. Contudo, no ano apresenta queda de 8,1%. "Isso deve ser o principal fator que puxará o PIB para baixo neste ano", prevê o economista.

por Fernanda Bompan

Fonte: DCI

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