JORNAL DO COMÉRCIO/RS
Ainda repercute a guinada do governo federal em prol das concessões, finalmente convencido de que não tem dinheiro e, o pouco que tem, sofre amarras, tudo é burocrático e, ao final, temos a mazela do superfaturamento. O sul-coreano Ha-Joon Chang, professor de economia da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, esteve na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Ele é considerado um dos maiores especialistas internacionais em política industrial. Apresentou aos empresários uma visão comparativa nas últimas décadas do desempenho econômico e social entre diversas economias desenvolvidas e em desenvolvimento. Para nossa tristeza, mas sem nenhuma surpresa, discorreu sobre como o Brasil perdeu e continua perdendo posição em relação a vários outros emergentes, especialmente asiáticos, que têm praticado a correta política de estimular investimentos e seus empreendedores. “Lá, não hesitam em, publicamente, prestigiar os empreendedores, aqueles que se lançam ao risco de criar riqueza, empregos, renda, valor adicionado e inovação tecnológica em troca do reconhecimento material e institucional para o seu negócio”, disse.
A presidente Dilma Rousseff lançou mão de famosa expressão cunhada nos anos 1930 pelo economista inglês John Maynard Keynes sobre a necessidade de “despertar o espírito animal” dos empreendedores nacionais, para que invistam mais, criem mais empresas e empregos no País. Esta é a única forma de promover o verdadeiro e sustentável desenvolvimento econômico e social que tanto desejamos.
Foi exatamente por meio do estímulo a esse espírito empreendedor que nações como a Coreia do Sul, que até os anos 1970 apresentavam uma renda per capita menor que a brasileira, hoje têm mais que o dobro da nossa e suas empresas multinacionais, seus carros, produtos eletrônicos e equipamentos industriais se encontram espalhados pelos quatro cantos do mundo. Pagamos impostos demais, juros recordes no mundo e temos uma burocracia que liquida com a maior boa vontade de empreendedores, sejam nacionais ou estrangeiros.
Sabedor da potencialidade de nossa economia, da qualidade de nossos empreendedores, da abundante disponibilidade dos recursos naturais, mão de obra, energia etc e da dimensão de nosso mercado interno, pergunta o professor Chang, por que o Brasil continua sendo eternamente o país do futuro? O economista Roberto Giannetti da Fonseca pergunta que País é este que pratica por mais de 15 anos os juros mais altos do mundo, mesmo estando sua economia, hoje em dia, classificada em grau de investimento e com razoável estabilidade política e econômica? Que país é este no qual a taxa de câmbio apreciada sufoca a competitividade das indústrias e leva sua economia a um precoce e acelerado processo de desindustrialização? Que País é este na qual a excessiva carga tributária e a péssima estrutura de tributos e impostos resultam num ambiente de permanente litígio entre o fisco e os contribuintes, além de um ambiente de insegurança jurídica, por conta das frequentes mudanças de leis, normas e regras?
Fonte: http://jcrs.uol.com.br
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