O recente pacote do governo para estimular investimentos no resgate dos problemas sérios do País nas malhas rodoviária e ferroviária, que prejudicam o escoamento das mercadorias internamente e nasimportações/exportações, soma-se à privatização de portos e aeroportos e será implementado por partes, em virtude da busca pela melhoria no crescimento em 2013. A preocupação é com a manutenção da meta de expansão do PIB no próximo ano em torno de 4%, ante as previsões de apenas 1,8% em 2012.
Os investimentos previstos para este ano nos portos, para sua modernização, que estavam estimados em R$ 3,1 bilhões, alcançaram apenas 14% no final de junho, sendo alegado que os gestores portuários têm dificuldades na gestão dos investimentos. A falta de um pulso mais forte nacobrança das melhorias parece ser um dos marcos que emperra o progresso do País. Talvez a PPP – Parceria Público Privada, modelo escolhido para o novo conjunto de empreendimentos rodoferroviários, seja uma das alternativas de alavancar os investimentos nessa área, que precisa ser mudada radicalmente antes que seja tarde demais.
Nos aeroportos de maior porte, como Brasília, Guarulhos e Viracopos, iniciou-se uma experiência, através do leilão no inicio do ano, em virtude da saturação e da falta de recursos governamentais para investimentos imediatos. Com isso, o próprio governo já pensa em privatizar dois a três aeroportos como forma de melhorar o transporte de passageiros e baratear o sistema de carga por via aérea.
O governo demanda muito tempo para a tomada de decisões. Os gargalos no transporte já eram visíveis e não se adotaram atitudes efetivas para o estancamento do problema. A produção das industrias brasileiras está minguando porque o seu encarecimento está localizado em dois alicerces: tributação desproporcional à sua capacidade e a logística no escoamento dosseus produtos. Como ser competitivo diante de tal situação? Fica difícil!
Tentando amenizar os problemas relacionados à competitividade das indústrias, o governo está modificando a forma de cobrança da energia elétrica, que tem peso significativo sobre a produção manufatureira, principalmente nos produtos de base, em cujo processamento o uso da energia é maior. Poderá haver redução na conta em 10%, o que contribuiria para uma queda no custo industrial total.
Outra batata quente que o governo tem para descascar é com relação ao aumento dos servidores públicos federais. As greves estouram a cada momento em várias unidades, dificultando sensivelmente o trabalho das empresas. Trata-se de um custo que não estava previsto no orçamento de 2012. Até o momento, também não existe previsão no orçamento de 2013 para reajustes salariais. Se houver aprovação do aumento, maior será o gasto público, que deverá ser compensado com menor investimento em infraestrutura ou sacrifícios de outras áreas, reduzindo-se os investimentos em habitação, transporte, segurança, educação ou saúde. Ou se sacrificam essas áreas ou se recorre aoaumento da arrecadação, pressionando ainda mais o bolso da sociedade e o custeio das empresas.
Se o governo não soltar o freio rapidamente, perderá um momento que poderá entrar para a história, pois foi o período em que promoveu um crescimento da economia, mesmo com o mundo em crise. Infelizmente, a mania de deixar tudo para última hora está sacrificando as empresas e fazendo com que muitas delas que têm produtos de alto valor agregado sejam vendidaspara companhias ou fundos de investimentos estrangeiros por um valor abaixo da sua realidade.
* por Reginaldo Gonçalves, coordenador de Ciências Contábeis da FASM (Faculdade Santa Marcelina)
Fonte: Portal Contábil SC
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