Conversando com contabilistas, deparei-me com seus comentários sobre os desafios de manterem a qualidade na escrituração de pequenas e médias empresas.
As reclamações mais constantes são:
- A contabilidade é apenas vista para apuração de impostos.
- Existência de Caixa 2.
- Falta de extratos bancários e informações sobre os respectivos lançamentos.
- Falta de informações para conciliações em duplicatas a receber, adiantamentos e fornecedores.
- Atraso na entrega de documentos, ou documentação entregue com má qualidade informativa, inidônea ou inexistente.
O que fazer nestes casos?
A rigor, não existe “caso perdido”, pois a gestão de documentos e informações deriva da boa comunicação entre o contabilista e o usuário (cliente). No caso do cliente que apenas vislumbra a contabilidade como destinada à apuração de impostos, recomendo trazer informações gerenciais, indicando áreas onde, possivelmente, possa se aperfeiçoar a gestão empresarial.
No caso do “caixa 2″, lembro-me da minha experiência como consultor empresarial: não se muda a cultura de uma empresa a curto prazo (paradigma: “se não tivermos caixa 2 não sobreviveremos no mercado…”), é preciso orientar o cliente (sobre os aspectos legais, patrimoniais e financeiros envolvidos, como risco da perda de controle) e interagir de forma a motivar ações substitutas (como planejamento tributário ativo) visando eliminar tal prática nociva no dia-a-dia e na cultura empresarial.
Pergunte (e tente responder ao cliente, baseado apenas em informações contábeis):
- Qual foi a evolução das suas receitas, ano a ano?
- Idem, o resultado por atividade (não apenas o resultado geral, mas por linha de produtos, serviços, etc.)?
- Idem, custos fixos e variáveis.
- Idem, tributação.
- Qual a produtividade por funcionário (incluindo terceirizados)?
- Houve alguma redução tributária baseada em planejamento fiscal? Quando? Quanto?
- A geração de riqueza (DVA) evidencia melhoria nos índices relativos a participação dos trabalhadores ou a gestão de RH tem se conformado com a simples administração burocrática?
- Juros, encargos financeiros e outros itens estão evoluindo mais que a receita? Quanto? Porque?
No caso de documentação, é evidente que um treinamento ou palestra interna, além do aperfeiçoamento na comunicação entre o contabilista e o cliente, podem resultar em melhorias sensíveis.
Mas não é meu objetivo, nesta breve postagem, indicar todos os caminhos possíveis para melhoria na qualidade da informação contábil, mas vislumbrar alternativas simples e regulares, que poderão trazer benefícios a ambos – contabilista e cliente, o primeiro, pelo melhor reconhecimento do seu trabalho, e, ao segundo, uma melhor gestão de seus dados gerenciais.
Escolha um ou mais de seus usuários/clientes, e comece a interagir com eles. É plantando que se colhe!
Por Júlio César Zanluca – contabilista e coordenador do site Portal de Contabilidade
Fonte: Boletim Contábil
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