Conheça a metodologia para definir e mensurar metas e objetivos estratégicos realistas, disseminada entre grandes varejistas americanos, que já chegou ao Brasil
No livro "Alice no País das Maravilhas" há um trecho em que a personagem principal depara com uma encruzilhada com diversos caminhos. A menina, perdida em meio à floresta, pede ajuda para um gato falante, que descansa numa árvore.
“Eu só queria saber qual caminho tomar”, diz Alice. “Isso depende do lugar aonde quer ir”, responde o gato. “O lugar não importa muito...”, diz a menina confusa. “Para quem não sabe aonde vai, qualquer caminho serve”, dispara o bichano.
A parábola do livro é similar a um problema comum nas empresas: as razões por trás da dificuldade de bater metas e atingir objetivos.
Outro problema são metas desalinhadas com o dia a dia dos funcionários. Um levantamento realizado pela consultoria americana Leadership IQ apontou que apenas 15% dos funcionários acreditam que seu trabalho contribui diretamente com os objetivos da organização.
E qual a solução para o desafio?
A resposta pode estar na metodologia OKR (abreviação, em inglês, que significa Objetivos e Resultados Chave).
O método consiste em definir um objetivo com até quatro indicadores, metas simples e plausíveis que sustentarão o propósito final.
O objetivo é o lugar que a empresa quer chegar. Os resultados chave são o caminho que a empresa deverá percorrer – geralmente expressões por indicadores quantitativos, inter-relacionados, que atestam progresso.
Diferente de planejamentos estratégicos tradicionais, o OKR não é definido de cima para baixo (da diretoria-executiva para a operação).
É recomendado que 40% dos OKRs sejam definidos pela diretoria e 60% pela equipe responsável pela execução.
A diretoria, que geralmente defini OKRs estratégicos, pode dar o objetivo (o direcionamento) e a equipe define quais serão os resultados chave (como podem contribuir para a estratégia).
Por exemplo, uma loja virtual de calçados tem o objetivo de aumentar a fidelização de clientes. Entre os resultados chave pode estar aumentar o índice de satisfação de clientes para 85%; diminuir o índice de entregas fora do prazo para 1%; diminuir em 10% a taxa de rejeição de e-mail marketing.
Assim, é criada uma sinergia em torno de um objetivo comum entre todos os níveis da empresa.
De acordo com Felipe Castro, diretor da Lean Performance, consultoria de implementação de OKR, a metodologia também tem impacto na cultura da organização.
“Entre os benefícios estão maior entendimento da estratégia da empresa, maior engajamento do time, metas que contribuam para o todo –e não somente para a meta do gestor – e mais autonomia para a equipe”, afirma Castro.
Grandes empresas americanas de varejo, como Patagonia e Target, utilizam OKR.
CASOS BRASILEIROS
O OKR pode ser usado por empresas de diferentes segmentos e porte. No entanto, a metodologia é mais comum em empresas emergentes, atuantes em ambientes muito competitivos ou de tecnologia escalável.
Isso acontece porque em empresas em franco crescimento é necessário uma metodologia de gestão que acompanha a evolução do negócio de maneira ágil.
Imagine como seria uma startup depender de um planejamento estratégico de um ano, ao mesmo tempo em que vive um ambiente de negócios dinâmico, em que conceitos são postos a provas frequentemente e muitas vezes é necessário pivotar (mudar a proposta de valor do negócio para ganhar clientes).
Em 2015, a Lean Performance ajudou a implementar a metodologia na Locaweb, empresa de hospedagem de sites, serviços de internet e computação em nuvem.
Entre os benefícios percebidos pela Locaweb está que entregas e medição de desempenho semanal, em vez de mensal, melhora o sucesso nas metas.
O êxito se dá devido a equipe ter mais oportunidades de avaliar o desempenho de determinado projeto e testar novas ideias num menor intervalo de tempo.
Outras empresas brasileiras que utilizam OKR são VivaReal, Nubank, OLX e EasyTaxi.
ORIGEM
A metodologia foi criada por Andrew Grove, um dos primeiros funcionários da Intel, que ao longo da carreira se tornou presidente, CEO e presidente do conselho da companhia.
O termo OKR aparece em seu livro High Output Management, publicado em 1983, um guia prático para conduzir a rotina de uma empresa.
O termo se popularizou no final da década de 90, quando John Doerr, ex-funcionário da Intel, se tornou investidor do Google e apresentou a metodologia para a ainda pequena equipe da empresa. O método foi usado para sustentar o crescimento da corporação nos anos seguintes.
Doerr também implementou a metodologia em outras empresas de tecnologia que investiu, como a Amazon.
Desde então, o OKR passou a ser referência em empresas do Vale do Silício e tem sido usado por Linkedin, Adobe, Facebook e Spotify.
Fonte: dcomercio.com.br/
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