terça-feira, 2 de dezembro de 2014

02/12 Desvio 'bem arquitetado' escapa do auditor, diz diretor do Ibracon

Quando a PwC se recusou a dar uma parecer atestando as demonstrações financeiras da Petrobras referentes ao terceiro trimestre, diante das dúvidas sobre os números apresentados, muitos agentes de mercado se questionaram porque as auditorias - tanto da Petrobras como das empreiteiras - não identificaram previamente os desvios relatados no âmbito da Operação Lava-Jato da Polícia Federal.

Em entrevista ao Valor, o diretor técnico do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), Idésio Coelho, explica que o auditor faz testes para checar os controles internos das empresas, mas admite que é raro que identifique casos de corrupção bem arquitetados. "O auditor não analisa e-mail para saber se tem troca de mensagem para acertar preço, não quebra sigilo bancário. Se tiver tudo baseado em contrato, e seguindo o controle interno rigoroso, com aprovação pelos agentes da governança, é muito difícil aparecer", afirma.

Segundo ele, para evitar que o auditor identifique a fraude, é muito comum que os pagamentos ocorram no exterior, em uma empresa do grupo não auditada, ou, quando no Brasil, distribuídos em várias empresas, por vários meses e em valores quebrados.

Ainda de acordo com Coelho, a Securities and Exchange Commission (SEC) não costuma processar o auditor quanto ele não encontra fraude, embora os investidores americanos possam entrar com ações judiciais. Já a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), diz ele, pergunta com mais frequência por que o auditor não viu o malfeito.

http://www.valor.com.br/empresas/3798722/desvio-bem-arquitetado-escapa-do-auditor-diz-diretor-do-ibracon

Fonte: Jornal Valor Econômico
Via Ibracon

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