Muito difundida e defendida dentro das empresas, a estratégia é, até hoje, quase sempre mal interpretada pelos próprios responsáveis por criá-las ou implementá-las. Grande parte dos CEOs e altos executivos a confunde com plano de negócio, ao analisar apenas o passado da empresa e colocar o orçamento anual em planilha de Excel, achando que os passos futuros estão garantidos por isso. Esse modo errado de se trabalhar ainda está muito presente nas organizações, as quais têm muitas dificuldades para entender que estratégia é a criação de uma situação diferente para surpreender o cliente e vencer a concorrência no mercado.
O conceito de estratégia surgiu na Grécia, durante a Guerra de Troia. Ao perceberem que estavam em desvantagem e prestes a serem derrotados, os gregos criaram o famoso Cavalo de Troia – algo, até então, inimaginável -, enganaram seus inimigos e acabaram saindo vencedores do confronto. Anos mais tarde, foi posto em prática o maior exemplo de estratégia já visto, por Portugal, entre 1.400 e 1.500: graças a uma nova forma de se fazer comércio e a uma forte intuição de que a Terra era redonda, o país, em apenas 80 anos, deixou de ser o mais pobre da Europa, tornou Veneza, então cidade mais rica do mundo, obsoleta economicamente e mais tarde dividiu o globo terrestre com a Espanha, no Tratado de Tordesilhas.
Nós não poderíamos falar em CEO e em altos executivos sem falar em estratégia. Afinal são essas pessoas as responsáveis por criá-las e/ou implementá-las em uma corporação. Mas será que eles próprios sabem o que, de fato, é uma estratégia? A administração é também uma arte, então o gestor pode aqui ser tratado como um artista e a estratégia um roteiro cinematográfico - como tal, ela será desenvolvida de diversas maneiras, sempre com a necessidade de ter em seu executor o protagonista.
E é aqui que a metáfora se aplica ao CEO, o líder que conduz a empresa a partir não apenas de sua competência intelectual, mas também dos sentimentos que fazem dele um sujeito, sem ser apenas um condutor sistemático, chefe de “programas de computador”. Se deixarmos a técnica dominar as empresas, teremos robôs fazendo com que a “pianola toque sempre do mesmo jeito”. Estratégia não pode nem deve ser feita apenas em planilha de Excel. É preciso valorizar a imaginação! É preciso pensar “fora da caixa”! Os métodos são necessários, porém as atitudes das pessoas devem prevalecer... Sempre!
* por Moisés Fry Sznifer é especialista em estratégia empresarial, professor dos programas de mestrado e doutorado da FGV e professor visitante da UC Berkeley, nos Estados Unidos. Fundador e CEO da Idea Desenvolvimento Empresarial, que há mais de 25 anos atua na área desenvolvimento organizacional, e autor do livro “Pessoas extraordinárias e suas incríveis histórias”, lançado neste ano pela Editora Gente
Fonte: INCorporativa
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