A decisão do governo brasileiro de retirar o Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF) para estrangeiros na renda fixa foi elogiada pela
equipe de analistas da área de pesquisa econômica do banco britânico
HSBC. Em relatório aos clientes, economistas da casa avaliam que a
medida vai facilitar o ingresso de capitais no País, mas também pode
facilitar a decisão de saída de quem já tem posições antigas no Brasil.
Mais do que isso, a instituição afirma que a medida parece ser mais uma
ação no esforço da equipe econômica de se mostrar mais "amigável" aos
investidores. Para o banco, o dólar deve passar a girar na banda
informal entre R$ 2,05 e R$ 2,15 nas próximas semanas.
"A medida também parece ser parte de uma tendência do governo de
tentar apresentar um ambiente mais amigável para os investidores", dizem
em relatório os economistas Gordian Kemen, Marjorie Hernandez e
Constantin Jancso. "Ao eliminar um dos principais instrumentos de
controle de capitais empregado na ''guerra cambial'', o governo está
dando um passo significativo na direção certa, mesmo que o ministro
Guido Mantega tenha sido rápido em afirmar que o governo sempre pode
retomar o IOF quando necessário".
"Nossa reação inicial é que esta é uma medida adequada considerando
que as necessidades de financiamento externo do Brasil estão em ascensão
em um cenário de condições de financiamento mais restritivas", dizem.
Mas o HSBC chama atenção para outro fato: sem barreiras para entrar,
pode ser mais fácil decidir sair.
"Estrangeiros estarão mais dispostos a entrar no Brasil, mas também
estarão mais dispostos a sacar recursos do País em momentos de maior
aversão ao risco", dizem, ao comentar que antes, até a terça-feira, 4,
estrangeiros que já tinham posições antigas na renda fixa no Brasil eram
pouco propensos a retirar o dinheiro do País, já que, se decidissem
retornar, teriam de pagar o pedágio de 6% referente ao IOF. Para os
analistas, esse tende a ser um efeito secundário. "É possível (que
aconteça), mas não deve reter os ganhos da medida".
Diante do atual cenário global de valorização do dólar, os
economistas preveem que a moeda norte-americana passará a girar entre R$
2,05 e R$ 2,15 nas próximas semanas e intervenções não são descartadas.
"A medida, juntamente com os últimos leilões de swap, são um sinal de
que as autoridades continuarão a intervir na taxa de câmbio, se
necessário", dizem os economistas.
Para o médio prazo, o HSBC mantém a previsão de que a moeda
brasileira passará por um processo de depreciação. Segundo os analistas,
a deterioração das contas externas e do crescimento doméstico, somada à
queda dos preços das commodities e da reversão da política monetária
dos Estados Unidos, deixará "a moeda brasileira exposta ao
enfraquecimento no médio prazo".
por FERNANDO NAKAGAWA
Fonte: Estadão
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