Este artigo tem por objetivo verificar a influência da crise financeira de 2008 no conservadorismo contábil
das empresas brasileiras de capital aberto, conforme o arranjo dos setores da economia e os níveis de
governança corporativa as quais as mesmas pertencem. Para tanto, desenvolveu-se uma pesquisa descritiva,
por meio de análise documental e com abordagem quantitativa de dados. A população da pesquisa compreendeu
todas as empresas brasileiras listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), sendo que
a amostra utilizada para se alcançar o objetivo pretendido pelo estudo foi composta pelas organizações que
possuíam todas as informações necessárias para o cálculo das variáveis do estudo (Lucro Líquido e Ativo Total)
na base de dados Economática. Por fim, a amostra do estudo resultou em 245 organizações. Para fins de
análise as empresas foram separadas pelo setor de atuação (Comércio, Construção, Energia Elétrica, Siderurgia
e Metalurgia, Telecomunicações, Têxtil, Transporte e Serviços, Veículos e Peças e Outros) e pelo nível
de governança corporativa ao qual pertencem (Cia. Balcão Org. Tradicional, Cia. Nível 1 de Governança Corporativa,
Cia. Nível 2 de Governança Corporativa, Cia. Novo Mercado e NP = Não Possui), sendo realizadas
regressões lineares múltiplas por meio do software Statistical Package for the Social Sciences® (SPSS) para se
alcançar o objetivo pretendido pela pesquisa. Por meio dos resultados encontrados não foi possível concluir
se a crise financeira de 2008 impactou de modo diferente o conservadorismo contábil conforme o nível de
governança das empresas. Este fato ocorreu, pois o único segmento que evidenciou influencia negativa da
crise no conservadorismo não apresentou significância nos resultados dos coeficientes para a análise dos
resultados. Porém, os resultados sugeriram que a crise financeira de 2008 impactou de maneira diferente o
conservadorismo contábil conforme os setores da economia. Isso se deve ao fato de que, em determinados
setores, a crise influenciou o aumento do conservadorismo, enquanto em outros setores da economia a crise
influenciou a diminuição do conservadorismo. Cabe-se destacar ainda os resultados encontrados no setor
de Construção, uma vez que o mesmo antes do período de crise foi considerado o setor mais conservador e
após a mesma ter ocorrido, as empresas pertencentes ao mesmo, apresentaram uma redução considerável
no nível de conservadorismo. Por fim, os resultados permitiram sugerir que a crise financeira de 2008 influenciou
no conservadorismo contábil na maioria das empresas brasileiras analisadas.
por BRADLEI RICARDO MORETTI
BIANCA CECON
ROBERTO CARLOS KLANN
Fonte: CFC
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