segunda-feira, 22 de junho de 2015

22/06 Como perpetuar uma empresa familiar?

Separar os assuntos particulares dos que se referem à empresa é um bom princípio no processo de passar o bastão para os descendentes

Estima-se que pouco mais de 60% das empresas brasileiras têm origem familiar. Em outros países, a proporção é ainda mais elevada. Representam 91% na Finlândia, 85% na Espanha, 83% na França e 79% na Alemanha.

Os dados foram pesquisados em várias instituições por Pedro Adachi, especialista em empresas familiares e sócio-diretor da Societàs Consultoria.

Uma questão que se coloca de tempos em tempos para os sócios de empresas familiares é como elas podem sobreviver em um ambiente em que, não raras vezes, misturam-se emoção, conflitos de interesse e desavenças familiares.

Adachi fez uma lista com dez dicas que ele considera fundamentais para os negócios familiares se manterem vivos.

•    Separar os assuntos familiares (e particulares) dos assuntos da empresa
•    Dar atenção e respeito à família empresária, independente do negócio
•  Fortalecer os valores e os princípios da família, preparando a empresa para a nova geração
•   Profissionalizar a empresa (familiares serem tratados como profissionais e abertura para executivos externos)
•    Profissionalizar a família empresária (respeitar a vocação de cada familiar)
•    Profissionalizar a sociedade (saber ser sócio, independe de atuar na gestão da empresa
•  Planejar a sucessão, já que ninguém é eterno (não confundir sucessão familiar com falecimento)
•    Estipular regras e acordos que minimizem desentendimentos futuros
•    Implementar (corretamente) os mecanismos de governança adequados
•    Contar com o apoio de profissionais experientes para colocar no processo

“O momento ideal para a sucessão de uma empresa familiar costuma ser difícil de ser identificado, mas é aconselhável que o principal acionista transfira o comando do negócio enquanto estiver em condições de colaborar com a sucessão”, diz Adachi.

CORRIDA DE BASTÃO

Assim como em uma corrida de bastão, diz ele, os dois corredores devem correr simultaneamente, até que efetivamente ocorra a passagem do bastão. “Na sucessão empresarial deve ocorrer o mesmo, com o sucedido e o sucessor trabalhando conjuntamente.”

Em um ambiente de crise, pesquisas indicam que as empresas familiares são as primeiras a sair dela. “Essas empresas são mais ágeis na hora da tomada de decisões e, manter esta característica, é essencial para a sobrevivência”, diz Adachi.

“Por isso, o fator que mais impede a tomada de decisões nessas empresas, os conflitos, devem ser evitados, principalmente em épocas de crise.”

Desavenças e outras razões acabam levando as empresas familiares a deixar para o último momento as discussões sobre sucessão.

 “O foco dos empreendedores está em criar, gerar, não em preservar. O ideal é que a sucessão seja tratada o mais cedo possível e que haja o engajamento de toda a família”, afirma Leonardo Wengrover, coordenador do Capítulo Sul do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).

Fundadores de empresas, segundo afirma, suaram a camisa para contruir um negócio de sucesso. Tiveram de trabalhar duro para conquistar a posição que alcançaram.

“Ocorre que, por vezes, eles não querem que os filhos enfrentem os mesmos problemas", diz Wengrover. "São justamente esses desafios enfrentados pelas companhias que vão dar musculatura para os movimentos de crescimento. É preciso transferir não apenas o capital financeiro mas também o capital intelectual para os herdeiros.”

por FÁTIMA FERNANDES

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