Especialista explica que a falta de entendimento da gestão contábil, com relação aos aspectos tributários, financeiros e de custos, direcionam a não sobrevivência de muitas entidades
No CRC SP Online desta semana, o professor e palestrante do CRC SP Windsor Espenser Veiga fala sobre as dificuldades dos empresários brasileiros no entendimento das obrigações fiscais, legais e tributárias, o que dificulta a gestão, especialmente das micro, pequenas e médias empresas. Segundo o especialista, o Brasil é um dos países mais empreendedores, porém, a maioria dos empresários acredita que somente o conhecimento da atividade fim resulta em sucesso e sobrevivência dos negócios. Veiga explica que é necessária a compreensão da importância da Contabilidade e de sua efetiva contribuição na gestão das entidades.
Por que a maioria das micro, pequenas e médias empresas tem vida curta?
Muitas MPMEs (Micro, Pequenas e Médias Empresas) são criadas a partir do interesse e da vontade de empreendedores terem seu próprio negócio e deixarem de ser empregados. Eles acreditam que a expertise no negócio que irão desenvolver será suficiente para manter a empresa ativa. No entanto, a falta de conhecimento da complexidade que envolve os aspectos legais, fiscais, as altas cargas tributárias e os custos de sua atividade, diminui a sobrevivência das entidades. A maioria dos empresários desconhece gestão financeira e de fluxo de caixa.
Quanto tempo dura, em média, uma micro ou pequena empresa?
A maioria dos novos empreendimentos sobrevive de dois a três anos.
Essa é uma realidade brasileira, devido à complexidade da legislação fiscal e tributária do País?
Acredito que seja mais uma questão cultural. O brasileiro, de forma geral, se automedica, acreditando saber o que está fazendo. Ele acredita que administrar é algo fácil e que todos conseguem. Mas isso é um engano. É preciso contar com o apoio de profissionais de outras especialidades, como da Contabilidade.
Podemos dizer que temos hoje muitos empreendedores no mercado nacional, mas poucos gestores?
São coisas distintas. Empreender envolve gerar uma atividade, normalmente, atrelada a capacidades específicas. O importante é executar bem a atividade do ramo que escolher. Porém, reforço que o empreendedor precisa contar com o apoio de profissionais contábeis, especialistas nas áreas fiscal, tributária, de custos e financeira.
Qual é o perfil do empresário brasileiro das MPMEs e como ele deve mudar?
Eles acreditam ser autossuficientes para os aspectos de gestão, subjugando ou desconhecendo a efetiva contribuição dos Profissionais da Contabilidade. Os empreendedores devem mudar as suas concepções com relação às lacunas de conhecimento, ou seja, as áreas que não dominam.
Como o Profissional da Contabilidade pode apoiar o empresário na gestão de seus negócios?
O profissional contábil não deve simplesmente realizar a escrituração fiscal, legal e executar o recolhimento de tributos (impostos, taxas e contribuições de melhoria). Ele deve propor ações de gestão, otimizando os controles internos e utilizando indicadores de análise que possam demonstrar a eficiência e rumo do negócio.
Falta para os empresários, a visão de que a Contabilidade deve ser usada em decisões estratégicas?
Falta, para muitos, o discernimento do que venha a ser Contabilidade. Num primeiro instante entendem como custo que não agrega valor. Muitos acreditam que a atividade contábil é somente para o recolhimento de tributos. Se eles estiverem dispostos e desejarem que o negócio flua, contratarão bons escritórios de Contabilidade e perceberão que o resultado será lucratividade e longevidade de suas atividades.
É possível falar de práticas contábeis, como Balanço Patrimonial, Demonstrações de Resultados de Exercícios até mesmo para empresários que não têm noções de Contabilidade?
O Profissional da Contabilidade não precisa explicar ao empresário as práticas contábeis. Ele deve demostrar a efetiva contribuição da Contabilidade em procedimentos que resultem em planejamento tributário nas diversas formas de tributação: Simples Nacional, MEI (Microempreendedor Individual), Lucro Presumido, Lucro Real e Lucro Arbitrado. O profissional contábil deve direcionar suas explicações para gestão de custos e formação do preço de venda, bem como a questão do fluxo de caixa. Conheço inúmeros casos de MPMEs que recebem adiantamento de recursos e gastam para fins particulares, esquecendo-se do fluxo de atividades que irão desenvolver. O resultado, em muitos casos, é a necessidade de capital de giro, com altíssimo custo financeiro.
Como o CRC SP pode apoiar esse profissional contábil nesse desafio?
O Conselho tem, cada vez mais, proporcionado encontros, oficinas técnicas e seminários, onde os profissionais participantes, além do tema objeto de estudo, encontram terreno fértil para discussões a respeito de estratégias e procedimentos. A efetiva participação e contribuição de todos resultará em uma categoria unida e forte.
Fonte: CRC/SP
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