Promulgada nesta terça-feira, 2, em uma sessão acompanhada por seis
ministros de Estado, com várias homenagens aos direitos recém-adquiridos
pelos empregados domésticos, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que amplia os benefícios dessa classe de trabalhadores
tem sido motivo de preocupação aos empregadores. Para amenizar o
impacto no bolso dos patrões, e atenuar o risco de demissões, os
parlamentares vão propor mudanças na contribuição.
O primeiro a sugerir foi o senador Roberto Requião (PMDB-PR). Ele
apresentou projeto de lei permitindo a dedução do Imposto de Renda da
remuneração paga por famílias com até três salários mínimos mais o
décimo terceiro. "A intenção é que as famílias que tiverem o benefício
sejam obrigadas a regularizar a situação dos empregados." Hoje, apenas
um terço dos 7,2 milhões empregados domésticos do país tem a carteira
assinada.
A maior preocupação, porém, é com o porcentual do INSS que cabe ao
empregador. Hoje, o patrão paga 12% sobre o salário e o empregado, 8%.
Tanto o senador Acir Gurgacz (PDT-RO) quanto seu colega Rodrigo
Rollemberg (PSB-DF) pretendem elaborar propostas nesse sentido. "O
porcentual aplicado hoje para o empregador é muito elevado e, com os
outros custos que a PEC trouxe, fica muito pesado", destacou Gurgacz. O
governo hoje já admite reduzir o porcentual que cabe ao empregador para
7% ou 8%. O dos empregados continuará de 8% a 11%, dependendo do valor
do salário.
Simples. Paralela a essa iniciativa, a Comissão
Mista das Leis, instalada hoje pelo Congresso Nacional para regulamentar
itens da Constituição Federal, vai propor a criação de uma espécie de
Simples da Doméstica, um regime simplificado de contribuição. A
intenção, conforme destacou o relator da comissão, o senador Romero Jucá
(PMDB-RR), é unificar as contribuições que os patrões terão de fazer,
entre elas o recolhimento ao INSS e o FGTS.
"A ideia é juntar todas as contribuições numa só, fazer uma forma de
contribuição fácil de ser implementada, fácil de ser ajustada. Estamos
discutindo a questão dos valores, porque não adianta fazer uma regra que
tem de ser 7% daquilo, 8% daquilo outro, talvez criar uma tabela."
Hoje os valores são pagos em guias separadas e os empregadores
enfrentam dificuldades para acessar o sistema da Caixa e da Previdência
para cadastrar seus empregados. Há direitos que precisam apenas de uma
lei, outros que precisam ser implementados pelo Executivo, com adoção de
normas mais simples, como portarias, resoluções ou decretos. A
intenção, disse Jucá, é finalizar o trabalho da comissão este mês.
Enquanto o Legislativo tem pressa, o ministro do Trabalho, Manoel
Dias, que acompanhou a sessão de promulgação da PEC, voltou a destacar
que os trabalhos do grupo formado em seu ministério para avaliar os
pontos que necessitam de regulamentação devem demorar cerca de três
meses.
Além de Dias, também acompanharam a sessão os ministros da Secretaria
de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, da Secretaria-Geral da
Presidência da República, Gilberto Carvalho, da Secretaria de Políticas
de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, da Secretaria de
Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, e da Secretaria de
Direitos Humanos, Maria do Rosário.
por Débora Álvares
Fonte: Estadão
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