No final da década de [19]90, a atividade de avaliação de empresas era restrita a profissionais que trabalhavam em bancos de investimentos ou consultorias financeiras. Hoje pode-se verificar que em todas as empresas existem pessoas envolvidas com esta atividade.
Com o desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro, discussões sobre como avaliar empresas e suas decisões decorrentes passaram a figurar no cotidiano dos executivos e investidores brasileiros. Notícias de jornais envolvendo precificação de empresas, como por exemplo: fusões e aquisições, antes ocasionais, atualmente são frequentes.
Suas aplicações são inúmeras, envolvendo genericamente desde as decisões de compra ou venda de ativos até as decisões estratégicas. Assim, os profissionais ligados a fusões e aquisições, privatizações, gestão de recursos de terceiros, relação com investidores, private banking, planejamento financeiro, análise de projetos, planejamento estratégico, definições regulatórias etc. devem dominar as técnicas de avaliação de empresas.
Sendo a realidade das empresas complexa, dinâmica e subjetiva, não é de se esperar que avaliá-las seja um processo simples e linear, com resultado preciso e indiscutível. São muitos os desafios que se apresentam ao longo do caminho.
Para transpor tais desafios, os praticantes de avaliação de empresas devem dominar as técnicas existentes, conhecendo os conceitos por trás de cada uma delas, para aplicá-las de maneira consciente - a chamada "técnica do valuation". Quais as técnicas existentes? Quais as abordagens dentro de cada uma destas técnicas? Quais os pontos centrais ligados a cada uma destas técnicas: por exemplo, em fluxo de caixa descontado, conceitos a serem dominados dizem respeito a estimação do fluxo de caixa, a construção do custo de capital, a decisão da estrutura de capital, a abordagem para o cálculo do valor residual entre outros desafios técnicos.
Também faz-se necessário que os praticantes conheçam profundamente a empresa avaliada para serem capazes de produzir boas projeções a respeito do seu futuro - a chamada "arte do valuation". Como as vendas da empresa evoluirão nos próximos 10 anos? Quais investimentos serão necessários para que esta vendas se concretizem? Qual a percepção com relação a capacidade da empresa agregar valor?
Como já foi dito, não se trata de uma ciência básica, cujo objetivo é refletir a realidade com precisão - algo raro no dia-a-dia da vida profissional da maioria das atividades. Trata-se de uma ciência aplicada, cujo objetivo é ser uma ferramenta para auxílio na tomada de decisão.
Neste sentido, o uso disciplinado de técnicas de avaliação de empresas enriquece significativamente a discussão sobre o tema, ampliando o entendimento das incertezas, riscos e retornos envolvidos nos negócios, contribuindo com decisões mais conscientes e embasadas.
A experiência indica que o processo bem fundamentado é mais importante do que o resultado específico obtido. Portanto, os profissionais - principalmente os da área financeira, quer imaginem-se trabalhando diretamente com avaliação de empresas, construindo os modelos, quer imaginem-se trabalhando indiretamente ligado a avaliação de empresas, devem conhecer bem os conceitos que embasam as técnicas de avaliação de empresas pois, muito possivelmente, com o desenvolvimento e ascensão em suas carreiras, passarão por momentos profissionais ou pessoais quando estarão expostos a avaliação de uma empresa.
por Ricardo Goulart Serra é professor do Laboratório de Finanças da Fundação Instituto de Administração (LabFin/FIA), considerada referência no Brasil em educação executiva voltada às finanças corporativas e aos mercados financeiros.
Fonte: Administradores.com.br
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