Semanas atrás, tivemos uma palestra, no CRCPR, sobre o impacto da tecnologia na nossa profissão, dando margem a reflexões e conclusões animadoras sobre o atual momento e o futuro da atividade contábil.
Foram amplamente analisadas as mudanças desencadeadas pela adoção do Sistema Público de Escrituração Digital, a computação em nuvem, o plano nacional de banda larga, a tecnologia 4G, a cloud fiscal, entre outras novidades que têm desafiado os profissionais da contabilidade.
Combinando o conhecimento teórico (ciência) e prático (tecnologia) de cada época, as tecnologias são produto da evolução do saber, da cultura e da civilização. Em tese, representam avanço, embora algumas tecnologias possam ser usadas também para fins negativos; caso do avião, que Santos Dumont lamentou ser utilizado para destruição, em guerras. Outro resultado condenado é que esse processo cria desemprego, decretando o fim de atividades. Foi assim que perderam a função o ferrador, o ferreiro, o foleiro, o correeiro, o tanoeiro, o segeiro, o leiteiro, o petrolino, o posticeiro, o datilógrafo, entre outros profissionais importantes no passado. Um segmento, entre outros ameaçados no momento, é o de cobrador de ônibus, com a invenção da catraca eletrônica e da passagem digital.
Praticada há milhares de anos, desde quando as informações contábeis eram registradas com bastões em placas de barro, a contabilidade sempre se ajustou às mudanças, revelando-se uma atividade social essencial. Retenhamos o conceito: ela é fundamental por sua essência; se não existisse teria que ser inventada. Só ela sabe lidar com as informações patrimoniais e financeiras de entes físicos, jurídicos e públicos. Mas em cada época, pressionados por novos conceitos, técnicas, métodos, procedimentos, regras, os profissionais foram obrigados a rever suas práticas e conhecimentos. Nos últimos 50 anos, por exemplo, estamos superando tecnologias manuais e mecânicas. Além do computador, que aposentou a máquina de escrever, a informática inseriu a contabilidade na era digital, permitindo o desenvolvimento de sistemas – caso do SPED.
Programas inteligentes e máquinas pensantes estão revolucionando a totalidade do mundo do trabalho, possibilitando a realização de tarefas com mais precisão e agilidade. Todas as atividades humanas assimilam os avanços da informática, do chip e da inteligência artificial. Até na área rural os produtores estão adquirindo máquinas que permitem produzir mais e com melhor qualidade.
A dispensa de mão-de-obra humana ocorre, em nosso país, em grande parte por causa do atraso educacional. Segundo o IBGE (dados de 2010), apenas 7,9% da população brasileira concluíram um curso superior e 59,2% não completaram sequer o ensino fundamental.
Na área contábil, enfrentamos as mudanças promovendo educação continuada, atualização permanente dos profissionais, como vem ocorrendo com a adoção de processos eletrônicos – o CRCPR já faz fiscalização eletrônica -, sistemas como o Sped e a harmonização das normas de contabilidade ao padrão internacional. Quem quiser permanecer no mercado precisa se atualizar, acompanhar a evolução.
As conclusões e perspectivas não poderiam ser melhores para a contabilidade. Seu objeto não muda e, além de melhores instrumentos e recursos que criam segurança, rapidez, integração e redução de custos, com as inovações, os profissionais podem se dedicar cada vez mais à tarefa de prover os clientes com amplas informações e interpretações patrimoniais e financeiras, permitindo decisões mais abalizadas.
por Lucélia Lecheta - Presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Paraná - CRCPR
Fonte: CRC/PR
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