sexta-feira, 13 de julho de 2018

Empresário: Dignidade do título resgatada pela contabilidade

Lendo e relendo notícias sobre contabilidade em jornais e revistas, assistindo à TV, ouvindo rádio, conectado à internet… enfim, “plugado” aos veículos de comunicação, acompanhando notícias vinculadas à economia, tenho constatado que uma das causas da lentidão do Brasil em decolar economicamente, de forma definitiva, para voos mais altos é o mau uso desse título “empresário” (pomposo e sutil).

Para ser empresário não basta ter ou administrar uma empresa, como consta de alguns dicionários. É preciso incorporar o real sentido da expressão. Se esta (expressão) alcança a quem administra, pode-se também incluir nesse rol os chamados “homens públicos”.

A pujança da economia de uma nação depende do funcionamento orgânico de todas as atividades; requer harmonia dos interesses, sem perder a característica de ensejar lucros individuais, seja em relação às empresas ou às pessoas físicas.

As relações espúrias de alguns empresários do setor privado com o poder público, tão noticiado pelos meios de comunicação, têm abarrotado o Poder Judiciário, tornando-o ainda mais moroso, pois tenta-se utilizar de algumas possíveis “brechas” da legislação para burlá-la, em detrimento de quem quer que seja.

Não se pode conceber que alguns, ostentando o título de empresário, cometam tantos desatinos administrativos, como se isso fosse ficar eternamente impune. É preciso punir exemplarmente os que, escondendo-se sob o manto quase sagrado do título aqui tratado, praticam atrocidades econômicas, em um egocentrismo exacerbado, na tentativa de dar formato de legalidade às imoralidades.

Evidentemente que é necessário a existência daqueles que agem corretamente, dos que não sucumbem à “deterioração” do termo. Estes, além de serem preservados, devem se postar como verdadeiros guerreiros, no sentido de impedir o acesso dos oportunistas ao status quo do título.

Quanto às determinações legais, não se pode haver tamanha “flexibilização” fiscal; há a necessidade urgente de facilitar a convivência do espectro arrecadador com os pagadores de tributos, exigindo-lhes demonstrações contábeis sólidas e coerentes com os princípios próprios da ciência contábil. É fundamental que os contadores, cada vez mais, sejam qualificados para as atividades afins.

Sendo a Contabilidade uma ferramenta imprescindível às atividades do gestor, não se pode (ou não se deve) substituí-las por formas de controle de cunho somente fiscal. Modernizar as relações do empresário com o Fisco não implica dispensar técnicas contábeis, únicas capazes de relatar com propriedade, segurança, transparência, lógica e abrangência, os atos praticados e apontar tendências do modus operandi empresarial.

Ser empresário é, acima de tudo, ter consciência de sua responsabilidade social, por entender que a sociedade é a que dá “vida” à empresa. Aos demais, aventureiros e desonestos, que se lhes denominem “traças do mercado”, impingindo a eles tratamento próprios aos insetos.

Por fim, mediante tais observações, é consistente afirmar que, servindo-se da Contabilidade e assessorados por profissionais competentes e comprometidos com a ética nos negócios, o “título de empresário” será erguido aos píncaros profissionais e ali sustentados.

Para finalizar, indico um dos meus livros sobre a área contábil, Contabilidade Imobiliária, como uma boa sugestão de leitura para quem tem necessidade ou interesse em se aprofundar na área.

ALBERTO MANOEL SCHERRER
É professor executivo junto à Fundação Getulio Vargas (FGV), programa de pós-graduação (lato sensu) em Administração, atuando no módulo de Contabilidade Geral, na unidade de São José dos Campos (SP), conveniada Conexão Desenvolvimento Empresarial. É também professor de Contabilidade Geral, Contabilidade de Custos, Contabilidade Avançada e Perícia Contábil junto à Faculdade Anhanguera de São José dos Campos. Mestre em Planejamento e Desenvolvimento Regional, pós-graduado (lato sensu) em Gestão Contábil e bacharel em Ciências Contábeis. Consultor empresarial. Autor dos livros Contabilidade imobiliária: abordagem sistêmica, gerencial e fiscal e Como interpretar as questões do exame do CFC, publicados pelo GEN | Atlas.

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