segunda-feira, 3 de outubro de 2011

03/10 Mercado tem atuação defensiva e Bovespa abre outubro no "vermelho"

 O mau humor tomou conta dos mercados financeiros já no primeiro pregão 
de outubro. A busca por ativos mais seguros, como o dólar e os títulos do Tesouro americano, voltou a ganhar espaço, enquanto os mercados de ações e commodities apanharam mais uma vez.
Naturalmente, a crise grega voltou a deixar os investidores cautelosos e o setor financeiro teve papel fundamental para a queda das praças acionárias. Nem indicadores econômicos melhores que o previsto divulgados nos Estados Unidos conseguiram evitar a sessão desastrosa.
Com baixa acentuada ao fim do pregão, o Ibovespa fechou com queda de 2,93%, aos 50.791 pontos. O giro financeiro atingiu 6,373 bilhões. O índice está apenas 4,4% acima da mínima do ano, de 48.668 pontos.
No mercado americano, as bolsas voltaram para níveis não vistos desde setembro de 2010. O índice Dow Jones caiu 2,36%, aos 10.655,30 pontos, enquanto o Nasdaq recuou 3,29%, aos 2.335,83 pontos, e o S&P 500 perdeu 2,85%, aos 1.099,23 pontos.
A abertura do quarto trimestre do ano foi norteada mais uma vez pelas notícias do continente europeu. Logo cedo, o governo da Grécia admitiu que não vai alcançar a meta de redução do déficit nem neste nem no próximo ano, despertando novos temores de que a liberação de mais recursos ao país pelos credores da dívida não saia.
A Grécia precisa da nova tranche do socorro financeiro de 110 bilhões de euros dos órgãos internacionais para poder aliviar a situação de curto prazo.
Segundo o ministro de Finanças do país, Evangelos Venizelos, a Grécia tomou todas as medidas necessárias para cumprir com suas obrigações no próximo ano. A caminho da reunião dos ministros de Finanças da zona do euro, Venizelos disse que o orçamento é muito ambicioso e prevê aumentos acentuados de impostos e cortes de gastos.
O ministro de Finanças de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, que lidera o grupo de ministros de Finanças da zona do euro, afirmou à tarde que nenhuma decisão sobre o pagamento da parcela de 8 bilhões de euros do plano de ajuda à Grécia será tomada hoje pelo grupo.
Segundo ele, o grupo aguarda um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Central Europeu (BCE) e da Comissão Europeia sobre a situação da dívida do país.
As preocupações com a exposição do setor bancário à dívida grega apenas aumentaram. Os papéis de bancos despencaram e a bola da vez pode ser o franco-belga Dexia. Matéria do "Financial Times" mostrou que problemas de liquidez e dificuldade de financiamento podem levar a cisão e necessidade de uma nova ajuda financeira ao banco. A agência de classificação de riscos Moody’s colocou suas notas de crédito de curto e longo prazo em revisão com perspectiva negativa, para possível rebaixamento.
“O mercado não sabe efetivamente o tamanho do rombo que pode ocorrer no setor financeiro. As expectativas em relação à Grécia estão sendo frustradas, na falta de uma solução mágica de curto prazo. Não há um coelho para se tirar da cartola”, diz o economista da Legan Asset Management Fausto Gouveia.
A percepção do investidor estrangeiro sobre a bolsa brasileira piorou nos últimos dias. Sua posição “vendida” (aposta de baixa) em Ibovespa futuro aumentou para 76.521 contratos no dia 30 de setembro, um valor bem acima dos dados do pregão anterior (-61.785), conforme consta na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). Este foi o maior valor negativo em um mês.
Empresas
A queda dos preços das commodities derrubou os papéis de maior peso na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Vale PNA recuou 2,49%, a R$ 38,25, com giro de R$ 796 milhões, enquanto Petrobras PN cedeu 3,61%, a R$ 18,41, com volume financeiro de R$ 535 milhões. OGX Petróleo ON ainda perdeu 4,78%, a R$ 10,95, com total negociado de R$ 225 milhões.
Dentre as principais quedas do Ibovespa no dia, destaque para papéis atrelados à cena doméstica, como Gafisa ON (-5,58%, a R$ 5,07) e B2W ON (-6,93%, a R$ 13,68), e para as siderúrgicas CSN ON (-5,75%, a R$ 13,91) e Usiminas ON (-6,27%, a R$ 20,15).
Além disso, MMX ON teve baixa de 7,65%, a R$ 6,51, após o Morgan Stanley cortar a recomendação para a empresa de “overweight” (desempenho acima da média do mercado) para “equal-weight” (igual à média do mercado).
Apenas nove ações do Ibovespa subiram, lideradas por papéis mais defensivos como Cteep PN (0,6%, a R$ 48,27), Telesp PN (1,84%, a R$ 49,19) e TIM Participações ON (3,44%, a R$ 9).
Chegou ao fim hoje o período de reserva de ações para os investidores interessados em fazer parte da oferta da TIM. Amanhã deve ser fixado o preço por ação. A expectativa é que a empresa levante cerca de R$ 1,7 bilhão com a operação, considerando o preço das ações em 15 de setembro, data em que a oferta foi confirmada.
(Beatriz Cutait | Valor)

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